Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, no artigo 25º, todos temos direitos a educação, saúde, segurança, moradia, alimentação, entre outros que garantam uma série de proteção a vida humana. Pode-se acrescentar também no leque de garantias o direito a informação.
Mas, esses direitos não chegam para todos os cidadãos de forma igualitária, devido à desigualdade social instalada na sociedade, e de forma mais rigorosa sentida pela população de baixa renda. E a pandemia veio para escancarar ainda com mais o que para alguns era apenas assunto de pouca relevância, ou como se diz atualmente, um “mi-mi-mi” das minorias, principalmente dos moradores das favelas Brasil afora.
A comunicação é uma ferramenta de extrema importância em todas as esferas sociais, pois está atrelada ao conhecimento, ao poder, afinal a comunicação é tida como o quarto poder, ao lado de Executivo, Legislativo e Judiciário, e a presença de comunicadores dentro das favelas, fazendo a comunicação comunitária, nesse momento tão intenso, tem mostrado o quão necessárias são a existência e a persistência na luta contra a informação hegemônica – se em outros tempos era necessária, hoje a informação é um ponto crucial para salvar vidas.
A comunicação comunitária tem em seus agentes dentro das periferias o canal de informação para os moradores, com riqueza de detalhes, pelo fato de eles serem nascidos e criados na periferia. A informação é produzida da e para a favela, traduzindo a mensagem de forma acessível para aqueles que a sociedade marginaliza.
Entre a informação e as pessoas oriundas das favelas, existe a comunicação comunitária e seus respectivos comunicadores, que utilizam tal ferramenta na luta pelos direitos, levando informações sobre saúde nesse momento tão complicado e delicado, na busca de doações por alimentos, ajuda de toda ordem de forma incansável para ajudar a todos, e mobiliza seus pares para a limpeza e a dedetização das periferias.
Essas práticas não podem passar despercebidas, e não se engane ao ver esses registros em redes sociais, pois sim, esses momentos precisam ser registrados e vistos por todos para que outros aprendam como realmente se faz. Falar é fácil, militar em rede social também; difícil é trocar o privilégio pelo suor de subir e descer escadarias para ajudar o outro.
Mesmo em tempos tão avançados ainda percebemos muitos veículos de comunicação, grandes empresas midiáticas, que não sabem como chegar até os moradores das favelas, principalmente pelo estereótipo de marginalização criada por esses. A arte de se comunicar, se fazer ser entendido por moradores das favelas só terá exito se for feito por quem tem além de empatia, tem as estratégias de aproximação e criação de vínculos com suas fontes.
A comunicação comunitária se faz presente, para contar, transmitir e levar a informação de dentro para fora e traduzir de fora pra dentro. E aos comunicadores como nós, profissionais ou não, a gratidão e o respeito belo trabalho realizado.