Na tarde deste sábado, 03, militantes e comunicadores comunitários realizaram um Piscinaço em frente à sede do Jornal Meia Hora, na Lapa. O ato foi organizado pelos coletivos Maré Vive, Papo Reto e comunicadores independentes em resposta à capa da publicação do dia 21 de janeiro, que afirmava que o comando do tráfico de drogas da Favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, era responsável pela instalação de piscinas de plástico para o lazer dos moradores.
A manifestação, mobilizada principalmente pelas redes sociais, teve mais de duas mil confirmações no evento criado no Facebook. O protesto surgiu a partir da publicação de uma foto na capa do jornal, mostrando crianças brincando em piscinas instaladas pelos próprios moradores em uma rua na Nova Holanda, seguida de uma chamada tendenciosa, que questionava a origem das mesmas. O texto afirmava que as piscinas haviam sido colocadas pelo tráfico de drogas como uma forma de impedir a entrada de policiais na favela, ignorando que este é um costume corriqueiro dos moradores de favela durante o verão.
Entre as críticas à publicação nas redes sociais, ficou provado que a foto que motivou a capa e havia viralizado na internet durante a mesma semana sequer era recente. Questionado, o editor da publicação Henrique Freitas afirmou que a denúncia era real e que havia uma investigação em curso na 21a DP, fato negado pela Polícia Civil. Comunicadores comunitários afirmaram se tratar de preconceito.
O Piscinaço em frente ao Meia Hora teve o objetivo de contestar a criminalização sofrida frequentemente pelas comunidades por parte da grande mídia e contou com a participação de moradores de favela, ativistas e comunicadores. No fim, a água das piscinas, fornecidas por um caminhão pipa, foram tingidas de vermelho e jogadas em frente ao jornal, como forma de repúdio ao conteúdo preconceituoso produzido pela jornal.