Ontem, o ex-policial militar Paulo Roberto Paschuini, acusado de assassinar o jovem Hanry Silva Gomes da Siqueira no Morro do Gambá, em 2002, foi condenado a três anos de reclusão. O julgamento deveria ter ocorrido há mais tempo, mas fora adiado por sucessivos recursos de sua defesa em função da primeira condenação (por fraude processual e roubo em outro caso). Como tivera seu último recurso negado em 2a instância, finalmente Paulo Roberto foi a juri.
Embora ele possa recorrer desta setença, a decisão judicial expressa o resultado de anos de lutas de Márcia Jacintho, mãe de Hanry que, incansável, não descansou um só minuto em sua luta para desconstruir a versão policial encarnada no famigerado “auto de resistência”, que sempre pretende, sob uma suposta legalidade, encombrir execuções sumárias.
Essa é uma vitória de Márcia e de todos os familiares de vítimas de violência estatal do Rio de Janeiro e do Brasil. A decisão judicial, mas principalmente a luta de Márcia e seus companheiros de militância, que conseguiu tornar pública a barbaridade, precisam ser divulgadas e usadas como exemplo de que a persistência na luta traz, sim, resultados. Ainda pode parecer pouco diante da dimensão e das consequencias da política do extermínio, mas, certamente, o resultado de ontem expressa que há uma única saída para isso: lutar.
A Rede contra a Violência agradece todos os que contribuiram na divulgação e participação, mesmo que distante, na manifestação pública e no julgamento no Tribunal de Justiça. É necessário continuar fortalecendo esta mobilizaçao todos os dias e em todos os lugares!
Precisamos seguir firmes, pois o caminho ainda é longo. Não esqueçamos que foi apenas um policial condenado, mas toda uma rede de poder que sustentou a ação dele continua impune. É preciso transformar a política de segurança pública. É preciso transformar as opiniões autoritárias que a sustentam moralmente. É preciso transformar a sociedade.
Fonte: Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência