Conectando sonhos para empoderar as mulheres do futuro

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“Somos ‘formatadas’ desde a primeira infância para deixar as atividades de robótica e programação para os meninos e que as matérias que devemos mais gostar são das áreas de Humanas, seguidas das Biológicas – que remetem e formam profissionais mais voltadas ao cuidado, enquanto os meninos podem ser além de médicos e professores, engenheiros, super heróis, astronautas e quem mais eles quiserem.”

Créditos: Arquivo Pessoal

A Inspiring Girls é uma organização sem fins lucrativos com atuação internacional que visita escolas públicas, conversando com meninas de 10 a 15 anos sobre carreiras de trabalho e quebrando estereótipos de gênero.

Arenda Oliveira é uma das voluntárias na cidade de São Paulo e conversou com a ANF sobre a sua experiência. Ela comentou sobre as dificuldades das meninas e mulheres em acessarem espaços educativos. acadêmicos e do mercado de trabalho ditos masculinos,  inclusive, as suas experiências pessoais.

Ela nos falou da importância social da ONG: “Nascemos em 2016, na Inglaterra, para ampliar os horizontes profissionais de meninas, mostrando a elas as possibilidades de atuação e carreira que muitas nem mesmo sabem que existem. Também achamos importante que a mulher tenha a formação necessária para seu devido ingresso no Mercado laboral, minimizando dependências e violências a quais tantas ainda são submetidas. Queremos reforçar que o lugar de qualquer menina (e mulher) é onde ela quiser. Hoje já estamos em 14 países e 3 cidades no Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis, onde fica a embaixadora da ONG no país, Corinne Giely.”

Ela começa seu depoimento falando sobre como começou o seu trabalho na Inspiring Girls: “Foi exatamente um processo. Foi quando cheguei à posição de média liderança em minha área – há 5 anos. Um ano depois, engravidei. Minha filha nasceu em Abril de 2016, após uma gestação em que me apavorava a ideia de ‘estacionar’ profissionalmente. Ali estava eu entre uma menina incrível, que educo sem romantizações e floreios, e a barreira que ainda impedem mulheres – em algumas indústrias – de ascenderem à diretorias, vice presidências e a uma cadeira de CEO (hoje apenas 3% das cias aéreas em todo o mundo tem uma representante feminina no cargo mais alto da empresa e, aqui no Brasil, atualmente, não temos ao menos uma VP no setor).                                                        Li muito, pesquisei, fiz terapia, conversei e até rompi as relações que botavam ainda mais culpa e preconceito no modelo maternal que não fosse o de colocar o filho no centro de seus universos, orbitando sobre todos os outros quase que anestesiadamente. Muito se fala sobre o preconceito que sofre a mãe que larga todos os seus papeis para assumir apenas a maternidade (com ou sem casamento envolvido), mas pouquíssimo se acolhe a mãe que precisa trabalhar para sustentar a família e a mãe que além de não querer frear seu desenvolvimento profissional, é essencial para abrir os caminhos do Mercado de trabalho para as futuras gerações, minimizando os problemas e a falta de representatividade deste de outros gêneros às mesas corporativas, tomando decisões.                                            Identifiquei que já somos ‘formatadas’ desde a primeira infância para deixar as atividades de robótica e programação para os meninos e que as matérias que devemos mais gostar são das áreas de Humanas, seguidas das Biológicas – que remetem e formam profissionais mais voltadas ao cuidado, enquanto os meninos podem ser além de médicos e professores, engenheiros, super heróis, astronautas e quem mais eles quiserem.                                   Fui até a NASA, em fevereiro deste ano, participar de um evento de educação de base que mostra como os EUA estão trabalhando exatamente nesta e várias outras questões em relação à equidade de gêneros e inclusão nas escolas de alunos entre 3 e 15 anos. Voltei cheia de energia e vontade de aproximar o Brasil deste benchmark. Queria me envolver com alguma instituição que tivesse este propósito também. Foi quando me deparei num search Google com a ONG Inpiring Girls e seu site recém ativo no país. Uma semana depois eu já exercia dois papeis no time de São Paulo: o de modelo inspiradora – na qual profissionais mulheres vão a escolas públicas contar sobre suas carreiras e desafios; e o de voluntária na área de alianças corporativas, para que o trabalho não pare na inspiração apenas. Com as corporações interessadas, buscamos formação técnica, oportunidade de aproximar escola e empresas e até a ser o canal facilitador de suas primeiras contratações pelo mercado formal, como menores aprendizes.

Arenda nos mostrou um momento especial da sua jornada na Inspiring Girls.                        “O momento mais especial para mim certamente foi conhecer, falar e trocar com as meninas incríveis do colégio estadual Professor Gabriel Ortiz, na zona leste paulistana. Uma amiga, que atua com educação de adolescentes, me disse que talvez eu tivesse dificuldade em faze-las se concentrar e se interessar pela abordagem. O que recebi, no entanto, foi atenção plena dessas garotas, com interações maduras, que renderam excelente papo e fez com que eu me apaixonasse pela escola e pela turma. Elas foram sensacionais!”

Créditos: Fabiana Arruda, voluntária Inspiring Girls

Por fim, ela deixa um recado para inspirar as meninas que leem a ANF:                            “Sempre me utilizo das seguintes frases no início de minhas falas, aí sigo com os detalhes da minha história de vida, acadêmica e profissional:

  1. Não tenha medo de romper paradigmas;
  2. Quando alguém duvidar sobre sua capacidade em realizar algo, faça-o duas vezes e tire fotos!
  3. Quando uma mulher dá um passo, todas nós avançamos.