Foto: divulgação

Quando recebo o convite do jornalista e ativista André Fernandes para ser um colaborador e escrever uma coluna na ANF (Agência de Notícias das Favelas) confesso que tremi na base. Ora, escrever para mim sempre foi um passatempo sem compromisso com nada, a não ser com as minhas convicções. Não me considero nada mais que um cronista de Facebook, como diz o meu amigo Lencinho. A grande sacada do FB é que independente do que você está escrevendo, sempre algumas pessoas vão ler o seu texto, por mais chato ou desinteressante que seja. E realidade seja dita. A cada dia gosto mais de escrever, e me sinto envaidecido, quando encontro uma pessoa na rua que nem tenho tanta intimidade, vir elogiar o que escrevo. É uma sensação engraçada e esquisita ao mesmo tempo. Por isso, fiquei na dúvida se aceitava esse desafio ou não. Apesar de ser nascido no “asfalto”, convivi desde a infância com a molecada de favelas. Lembro a primeira vez que subi um morro, foi o do Santo Amaro. Fui soltar pipa com um amigo. Ele me apresentava para a molecada como se eu fosse uma espécie rara. Dizia assim; – Esse aqui é o Julinho, ele mora num prédio na Benjamin Constant (Glória) Era então rodeado pelos moleques, e era bombardeado por um monte de perguntas, – Tem elevador na sua casa? E escada rolante? Sua tv é colorida? Sua mãe tem carro? Os anos 70 a integração asfalto/favela, estava começando e havia muito folclore dos dois lados. Minha mãe não me deixava ir brincar no morro, por diversos mitos que vi que eram falsos. Uma das minhas intenções, é exatamente essa. Desmitificar essas falsas impressões que ainda rolam dos dois lados, que geram tanto preconceito, tanto da classe média do asfalto, que acredita que todo favelado é bandido, como os moradores das favelas que acreditam que todo morador do asfalto, só quer subir o morro pra comprar droga ou se aproveitar da pobreza dele.

Valeu e até a próxima!

Foto: divulgação
Foto: divulgação