Criação pernambucana, “Confluências Atlânticas entre os afoxés: Brasil-Nigéria” é fruto de uma pesquisa da doutoranda em Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco (PPGA/UFPE) Renata Mesquita. Ela realizou ao longo de 17 dias, o diário de campo no continente africano, na Nigéria (África Ocidental), onde vivenciou o Festival de Oxum, em Oxobô (em iorubá: Osogbo – capital do estado de Oxum), e o Festival de Xangô, em Oyó (estado interior, a sudoeste da Nigéria). Estas celebrações reverenciam os respectivos orixás.
A antropóloga Renata Mesquita busca por meio da pesquisa — com resultado previsto para 2025 — confluenciar as trocas transatlânticas entre Brasil e Nigéria. Para investigar, a pernambucana percorreu locais de representação para os povos iorubás, como o estado de Oió (em iorubá: Oyó), o estado de Oxum (em iorubá: Osun) e a cidade de Ilê-Ifé (antiga iorubá), localizada no sudoeste da Nigéria. A viagem ocorreu no mês de agosto de 2024.
“É um projeto de pesquisa que busca dialogar sobre as confluências transatlânticas entre Brasil-Nigéria tendo como fio condutor os afoxés, expressão artística afrodiaspórica que surge no terreiro de candomblé e passa a ter a sua extensão nas ruas. Inclusive, hoje existe uma adesão da população e consequentemente um ganho de espaço e notoriedade nos territórios onde encontram-se localizados”, explica.
Além de experienciar os festivais de Oxum e de Xangô, ela fez visitas ao Vale Sagrado de Osun, em Osogbo, a nascente do Rio Osun, em Equiti (em iorubá: Ekiti), ao Palácio de Alafin Oyó e aos Templos dos Orixás. Nesses espaços, foram realizadas entrevistas e fotografias, com o propósito de documentar.
O diário de campo da pernambucana na Nigéria reúne uma lista com espaços culturais, gastronomia e atividades diversas: celebração para o orixá Ajé no mercado em Oyó; ida ao Mercado de Akesan; inauguração do templo de Exú (em iorubá: Èṣù) em Oyó; festa de Èṣù pelas ruas; saída de Oiá (em iorubá: Oyá) nas ruas em Oyó; templo de Oyá Oke Onira, o Ológbojò, saída de Egungum (em iorubá: egungun); feitio do Amalá de Xangô (em iorubá: Ṣàngó) em Oyó; prova do Asaro (comida preferida da Osun em Oyó – feita com dendê, cebola, sal e inhame cozido); ida ao Bosque Sagrado da Osun em Oyó, rituais para a Arugba Osun; saída da Arugba Osun nas ruas em Oyó; ida ao Oniguedes Palace, Museu Nacional de Oyó.
Vale destacar que, durante a imersão na Nigéria, a própria Renata colheu registros visuais, por meio da fotografia, e entrevistou Iyás e Babás, como Iyá Iyemoja, Iyá Osun, Iya Oyá, Mogba Koso e Babá Èṣù. Além do resultado da pesquisa, um filme documentário é preparado pela antropóloga, com a parceria do fotógrafo pernambucano Rennan Peixe, presente no intercâmbio.
“Confluências Atlânticas entre os afoxés: Brasil-Nigéria” tem na coordenação da pesquisa a professora doutora Ana Claudia Rodrigues da Silva (PPGA/UFPE), na coordenação para assuntos afro-religiosos o babalorixá Adilson Severiano de Oliveira Filho e o apoio da embaixadora cultural Paula Gomes. O projeto é financiado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura – 2020/2021).
Pesquisa é futuro
A pesquisa está em desenvolvimento e tem como resultados a produção e publicação de artigos científicos, apresentações em eventos e publicação do livro impresso e no formato digital, com acesso gratuito ao Ebook, sendo assim disponibilizado para todas as pessoas.
Para acompanhar os próximos passos da pesquisa, Confluências Atlânticas @confluencias_atlanticas – bit.ly/4e5FcAr é o perfil nas redes sociais.