Integrante da Banda Sociedade Musical Santo Antônio, coral de Venda Nova, ministro da eucaristia da Paróquia Santo Antônio de Venda Nova, diretor e presidente do Lar dos idosos Santo Antônio de Paula, músico do conjunto Marabá, compositor, ator, carpinteiro, instrutor de música e carpintaria: essas foram algumas das inúmeras ocupações de Hélio Alves, um legítimo vendanovense, como se identificam os nascidos e criados em Venda Nova.

Não se trata de uma cidade. Venda Nova é uma regional de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, mas é tão independente que os próprios moradores se sentem em outro município. A região possui 42 bairros periféricos e tem uma população de 160 mil habitantes.

Aos 88 anos, Hélio sempre morou em Venda Nova. Foi um dos primeiros habitantes da movimentada Rua Padre Pedro Pinto, antiga Rua Direita. Ele conta que viveu muitas histórias marcantes na região e não tem todas guardadas na memória. Mas quando o assunto é arte, a lembrança vem rápido à sua mente, pois “a música, ela fala mais alto”.

Entre as inúmeras atividades, Hélio Alves foi carpinteiro e instrutor da profissão. FOTO: Arquivo pessoal

Hélio canta, toca cavaquinho, violão, pistão, teclado. E fez questão de reproduzir as canções que fizeram parte das suas vivências. “Eu pego um instrumento e começo a me lembrar de tudo. Era casamento, bar, igreja, festas, em tudo quanto é lugar daqui eu toquei, eu era muito conhecido”, relembra enquanto dedilha as cordas do cavaquinho.

Passado revisitado com alegria

Entre uma moda e outra, a prosa com Hélio sempre volta aos momentos do passado, mas não de maneira melancólica, são recordações nostálgicas. “Aqui nesse lote fui nascido e criado. Essa rua era a rua Direita, mas cheia de curvas”, brinca. “Não tinha asfalto, não tinha nada, portanto, era uma alegria quando eu era criança”, completa a fala, com gestos de saudade.

Além do trabalho e da vida de músico, Hélio constituiu uma grande família, com três filhos: Geovane, Robson e Geyse. “Ela é especial. Me ajuda muito mesmo. É Deus no céu e ela na Terra”, fala, emocionado, sobre a única filha.

O músico é viúvo há 12 anos, mas em suas conversas nunca deixa de citar o quanto sua esposa foi companheira. “Ela sempre me acompanhava nas festas”, diz. Até pouco tempo atrás, antes de sofrer dois infartos, Hélio continuava com suas atividades artísticas e passeios, o que deixava a filha preocupada.

Música é uma das paixões de Hélio Alves, no centro da foto, entre as duas fileiras. FOTO: Arquivo pessoal

“Eu voltava duas, três horas da manhã, e quando me arrumava pra sair, ela me perguntava: aonde você vai, pai? Vou tocar, vou num casamento, vou dançar”, conta Hélio, entre os risos dele e da filha.

Assim como na função de carpinteiro, Hélio aprendeu a tocar todos os instrumentos sozinho e atribui a Deus toda a força e dom. Uma parte das virtudes, porém, credita ao lugar onde sempre viveu. “Sempre gostei daqui e nunca pensei em me mudar, apendi tudo aqui”. Apaixonado por Venda Nova, a paixão é da mesma intensidade que o seu amor pela música.

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