Não se pode falar de moda na favela, sem falar do Varal da Vall. Idealizado por Vall Neves, a marca nasceu no ano de 2008 e se torna cada dia mais forte.
Vall Neves, 53 anos, mãe, avó, mulher preta, favelada, resolveu criar o Varal da Vall a partir de um movimento de transição profissional e também por um posicionamento militante.
A arte está no sangue da idealizadora que ao participar de aulas de dança Afro, sentiu a necessidade de levar a beleza de forma mais representativa para o povo preto, tanto na questão da luta, quanto da estética.
“O Varal da Vall produz acessórios afrofuturistas, que resgatam um pouco da ancestralidade do povo negro, meu povo. Cada acessório é feito com muita energia e significa para eles, meu povo, resistência e empoderamento”, afirma Vall Neves.
Saiba mais sobre Vall Neves e suas produções
O nome Varal da Vall nasceu quando a idealizadora fazia aula de dança Afro e estendia as peças em um varal dentro da sala de aula para vender. Ela aproveitou e utilizou o próprio nome, juntou ao varal e deu nome a marca.
Vall transita entre o Morro do Fallet, onde mora e o Morro dos Prazeres, onde já morou. A primeira loja física de Vall foi nos Prazeres. Inaugurada em 2014, a loja permaneceu aberta por dois anos, mas acabou fechando por conta de trocas de tiros frequentes próximo a loja. Atualmente, a vitrine do Varal da Vall fica no “Ateliê Bonifácio”, localizado na Rua do Senado n° 47, Centro do Rio. O local está aberto de terça a sábado.
A marca busca valorizar o que existe de mais atual e atrativo através da confecção de peças artesanais exclusivas. Vall faz muitas pesquisas e se dedica durante a madrugada para a confecção das peças.
“As peças são montadas com exclusividade resgatando a cultura do gueto com o movimento da dança afro”.
A importância da representatividade
O Varal atinge um público colorido, como diz a idealizadora Vall Neves, mas em sua maioria, o consumo maior é por parte do povo preto.
“Tenho pessoas coloridas no varal, mais o maior público são meus irmãos. Penso que estou no caminho que sempre quis trilhar. Lembro de quando minha mãe queria comprar um acessório para usar e não tinha nada que se parecesse com ela. Já eu, não me via usando alguns acessórios tão delicados, tão simples”, completa Vall.
No Morro dos Prazeres foram realizados desfiles com pessoas de dentro e de fora da favela. A idealizadora sempre fez questão de unir os dois mundos e apresentar a beleza, a força e a riqueza da favela.
Outro detalhe da marca é que ela não possui gênero, atende todxs da mesma forma. Por conta disso, Vall é convidada para participar de várias produções com as suas peças, seja para televisão, desfiles, ensaios fotográficos e feiras.
Bate-bola com Vall Neves
Nice: Qual é o significado das joias do Varal da Vall para as pessoas periféricas?
Vall: É muita responsabilidade ser designer e criadora de uma marca tão potente, criada por uma mulher preta e favelada que não cursou faculdade, não estudou moda. Hoje é uma marca super reconhecida que me faz ter mais vontade de mostrar que a minha cultura, a cultura dos meus, é importante ser vista.
Nice: Qual foi o momento mais importante que você considera ter vivido com o Varal da Vall?
Vall: Uau…são tantos, mas foi quando inaugurei minha loja na favela! Queria muito a loja no morro, pois sempre quis mostrar para as mulheres daquele território que elas também podiam abrir uma loja para mostrar a própria arte e garantir o próprio sustento.
Nice: Quando você pensa no futuro da marca, o que você almeja?
Vall: Almejo ter um espaço físico para o Varal, um espaço onde eu possa repassar meus conhecimentos, dar aula de bijuteria, ter um estúdio e por aí vai.
Confira mais imagens do trabalho de Vall Neves.
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