Vila Kennedy - Alex Belchior
Praça Miami (Créditos: Alex Belchior)

 

Em caminhões paus de arara, chegavam por ruas de terra batida os ocupantes de milhares de casas, todas idênticas. Era 20 de janeiro de 1964 e começava a nascer um dos maiores conjuntos habitacionais do Rio: a Vila Kennedy, na Zona Oeste, com 5.054 moradias.

 

Os novos moradores vinham de favelas de áreas centrais da cidade, como o Morro do Pasmado, em Botafogo, a Favela do Esqueleto, no Maracanã, e as comunidades da Praia de Ramos e de Maria Angu, no Subúrbio da Leopoldina. Todos que chegavam olhavam para a Estátua da Liberdade, símbolo da fundação da comunidade criada com recursos do Governo dos Estados Unidos. Mas a maioria das mulheres não conseguia dormir, preocupadas com os maridos que chegavam tarde ou nem vinham dormir em casa em função da dificuldade de transporte e a necessidade de garantir o emprego.

 

Apesar disso, a Vila Kennedy de ontem e hoje tem um ingrediente muito especial, que é a alegria. A G.R.E.S. Unidos da Vila Kennedy, inaugurada em 6 de novembro de 1968, tem como símbolo a velha estátua da Praça Miami, réplica da novaiorquina. Uma das grandes conquistas também para a cultura local é o Teatro Mário Lago, que antes se chamava Faria Lima em homenagem ao ex-governador, e foi inaugurado em 1979. As primeiras escolas da região foram Marechal Alcides Etchegoyen, Joana Angélica e João Daudt de Oliveira. Hoje, temos aproximadamente dez escolas municipais: um Ciep, cinco espaços de desenvolvimento infantil, uma escola estadual e uma creche comunitária.

 

A Vila Kennedy do século 21 vem crescendo. Hoje, temos uma agência bancária, uma casa lotérica, um comércio que cresce todos os anos e um desejo enorme de se tornar um bairro. Temos também um site que fala do bairro, o Portal da Vila Kennedy, que desde 2007 busca informar a população e divulgar a comunidade. É preciso organizar o território, criar uma rede com cada um fazendo a sua parte. Os moradores ainda têm esperança nesse projeto comunitário.