Por Hélcio Duarte Filho
Da Redação do Sindsprev-RJ.
O comandante do 12o Batalhão da Polícia Militar à época da morte de cinco jovens no Morro do Estado, favela de Niterói, em 2005, admitiu diante do Tribunal do Júri que não leu o laudo cadavérico das vítimas e nem investigou possíveis precedentes criminais delas.
No entanto, voltou a afirmar que “os menores estavam envolvidos com o tráfico”. O então comandante do batalhão saiu em defesa dos seus subordinados imediatamente após a repercussão do caso, há quatro anos, quando também afirmou que os menores provavelmente eram traficantes.
Testemunha de defesa no julgamento de quatro policiais militares submetidos ao Tribunal do Júri em Niterói, Marcos Jardim admitiu não ter lido o laudo cadavérico, que mostra que três das vítimas foram mortas com tiros na cabeça e à queima-roupa, ao ser perguntado pelo promotor, Alexandre Joppert.
Pouco depois, quando o julgamento entrou na fase dos debates, na qual a defensoria e a promotoria se revezam nas suas teses, o promotor criticou, sem citá-lo nominalmente, a atitude do coronel. “Tinha obrigação moral de primeiro ler o laudo”, disse.
O julgamento, que começou às 10h45min desta quinta-feira 18, ainda acontece no Fórum de Niterói, no centro de Niterói, e deve se estender pela madrugada. O promotor defendeu a tese da acusação em 2h26min. Ele pediu aos sete jurados que não se deixem levar pela emoção e que se atenham às provas técnicas. Procurou demonstrar que são muitas as evidências de que as vítimas foram executadas e que os policiais buscaram desfazer a cena do crime.
O defensor público Jorge Mesquita, por sua vez, que ainda apresenta sua tese, fez o contrário: disse que a emoção é “inalienável” desse processo. Apresentou vídeos de operações policiais, nos quais o governador Sérgio Cabral defende a repressão policial violenta nas favelas para combater o tráfico de drogas. Em seguida, aos gritos, perguntou aos jurados: “o que vocês queriam que aqueles policiais fizessem?”