Em assembleia realizada nesta segunda-feira, 17, o Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Estado da Bahia anunciou adesão à greve nacional por tempo indeterminado. A categoria exige a manutenção de benefícios que foram acordados em 2019 e teriam validade até 2021, mas que não estão sendo cumpridos. A greve entra em vigor nesta terça-feira, 18. Uma nova assembleia está prevista para quarta-feira, 19.
“O governo Bolsonaro busca a qualquer custo vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros, os Correios. Somos responsáveis por um dos serviços essenciais do país, que conta com lucro comprovado, e com áreas como atendimento ao e-commerce que cresce vertiginosamente e funciona como importante meio para alavancar a economia. Privatizar é impedir que milhares de pessoas possam ter acesso a esse serviço nos rincões desse país, de Norte a Sul, com custo muito inferior aos aplicados por outras empresas”, declarou José Rivaldo da Silva, secretário geral da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares- FENTECT.
Do acordo coletivo foram retiradas 70 cláusulas com direitos, como 30% do adicional de risco, vale alimentação, licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, indenização de morte, auxílio para filhos com necessidades especiais, impedindo tratamentos diferenciados e que garantem melhor qualidade de vida, pagamento de adicional noturno e horas extras. Nenhuma contraproposta foi apresentada. Cerca de 100 mil trabalhadores dos Correios em todo o Brasil decretaram greve, depois de assembleias dos sindicatos filiados.
“A nível nacional, os Correios estão declarando greve, porque o nosso acordo coletivo tinha validade de dois anos e, infelizmente, a empresa está desrespeitando a decisão do próprio Tribunal Superior do Trabalho (TST). Provavelmente teremos outra assembleia nesta quarta ou sexta, conforme o julgamento”, declara André Aguiar, diretor de comunicação do Sindicato.
Os trabalhadores também lutam contra a privatização dos Correios, o aumento descabido da participação dos trabalhadores no Plano de Saúde, gerando grande evasão, e o descaso e negligência com a saúde e vida dos ecetistas na pandemia da Covid-19.
“A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares- Fentect, e seus sindicatos filiados tiveram muitas vezes que travar lutas judiciais para garantir o mínimo de condição para não expor os funcionários, muito menos clientes. Isso por si só demonstra a má-fé e a negligência da empresa para com os trabalhadores. Resultado disso é o crescente número de casos de infectados e óbitos dentro da categoria, dados, aliás, que a empresa se nega a divulgar oficialmente”, comunicado da Fentect.