“Home Office de Costureiras das favelas do Brasil”, essa é a ideia que vingou em Paraisópolis, zona Sul de São Paulo, e começa a frutificar entre mulheres retidas em casa pela quarentena, como Marilene Leonor dos Santos, 40 anos, marido e um filho: “Meu esposo está desempregado, e não tem outra renda. Isso afetou muito”.
A luz acendeu no fim do túnel quando Sueli do Socorro Feio, de 49 anos, uma das criadoras do “Costurando Sonhos”, projeto de capacitação em corte e costura de mulheres na favela, propôs que as máquinas usadas no galpão fossem para a casa de cada uma, o tal “home office” agora festejado. Elas costuram ecobags, necessaires e máscaras sob encomenda. Seus salários estão garantidos e o projeto já contrata em Paraisópolis e em breve vai para Heliópolis, a maior favela da cidade, e Jardim Valquíria, no Capão Redondo.
O salário de R$ 1.300, mais R$ 15/dia para o almoço, dá a medida do sucesso, sobretudo levando em conta que a média salarial de São Paulo está em R$ 1.365. Sueli enxerga mais adiante: “Um dos objetivos é sensibilizar empresários e pessoas físicas para que contribuam ao comprarem o trabalho feito por costureiras que estão trabalhando diretamente de suas casas”.
Um levantamento do Instituto Locomotiva/Data Favela mostra que em cada dez famílias brasileiras que vivem em favelas, sete já tiveram a renda reduzida pela pandemia do coronavírus. Foram ouvidos moradores de 262 comunidades em todos os estados do país. O Instituto estima que 13,6 milhões de pessoas vivam em favelas no Brasil. No estado de São Paulo, 7% da população vive nelas.