Para se chegar numa das vistas mais lindas do Rio de Janeiro, no bairro bucólico de Santa Teresa, são alguns degraus, uma ladeira e um caminho que levam ao paraíso do Morro dos Prazeres. Prazeres de pessoas generosas, amigas, de excelentes banquetes, cervejas geladas e a vista em 360 graus da cidade maravilhosa.
Hoje, chocado, me deparei com a notícia da implementação de um portão de acesso, sem acesso aos moradores da favela e de uma suposta invasão e quebradeira, de pessoas mascaradas, com paus e pedras, no condomínio Equitativa, caminho para a favela. A notícia acusava moradores da favela, sem nenhuma prova. Uma suposição: Porque não pode ser exatamente o contrário, moradores do condomínio mascarados, promovendo a quebradeira, para criminalizar os moradores da favela e terem mais facilidade em implementar o portão da segregação. A grande mídia comprou a história do condomínio, mas nenhum morador da favela foi entrevistado. Essa é a imparcialidade da imprensa, que leva milhões de pessoas todos os dias a conclusões muitas vezes falsas.
Se agora ter a posição contra o fechamento, por si só, configura crime, então não podemos falar mais em democracia e sim, em criminalização de todos os moradores da favela e visitantes que utilizam a passagem e que são contra a implementação de um portão de acesso, como eu.
Outra questão extremamente grave foi a colocação de um portão, pelo condomínio, de forma unilateral. Isso sim é uma violência que impossibilita os moradores de alcançarem o alto do morro sem precisarem dar uma enorme volta por outro caminho. Estamos falando de pessoas idosas, mulheres e crianças que conseguem chegar à rua e ao ponto de ônibus para trabalharem, irem à escola, as compras, etc. Com o fechamento dessa passagem, as pessoas que moram no alto do morro, terão que descer e subir por enormes ladeiras e escadarias. Uma covardia num momento que se discuti tanto a integração das favelas com o asfalto. Em nenhum momento a mídia tradicional questionou a colocação do portão, sem um consenso entre as partes envolvidas. O que parece mais uma vez é que o favelado não tem nenhum direito de existir, e estamos falando de uma favela ocupada por uma UPP, ou seja, com a presença e “controle” do estado. Com a manutenção desse portão o que vai ser legitimado é o interesse apenas de um lado e a perda em direitos para o lado mais pobre e fraco.
Para quem pensa que com a manipulação da grande mídia, a população está ganha para essa covarde segregação, está muito enganado. Para nós, não vai existir futuro de paz enquanto o pobre favelado continuar sendo tratado como um animal. Por isso exigimos a imediata retirada do portão e o respeito aos moradores do Morro dos Prazeres!