Os noticiários falam todos os dias dessa história e o governo brasileiro está começando a se envolver. Mas afinal, o que é a crise na Venezuela? A Agência de Notícias das Favelas te ajuda a entender melhor!
Desde 1999, Hugo Chávez era o presidente da Venezuela. Os 14 anos de seu governo passaram por instabilidades – o que é normal num governo tão longo – mas o povo venezuelano tinha um grande apreço por seu governante. Chávez foi o líder da Revolução Bolivariana e foi um dos principais opositores à doutrinação norte-americana na América Latina, o que lhe rendeu desafetos nos EUA e no resto do mundo. Foi acusado de ser um ditador e de gerir mal a indústria petrolífera (a maior da Venezuela) e o Banco Central, mas em meio a todo esse vai e vem, quando morreu, em 2013, gerou uma enorme comoção nacional.
Com seu falecimento, naturalmente houve a necessidade de um substituto no poder. É aí que entra Nicolás Maduro, que assumiu a presidência de forma interina em 2013 e, após convocar eleições, foi o escolhido para comandar a Venezuela, pela maioria da população, por 6 anos. No começo de seu mandato, ele tinha cerca de 64% da aprovação popular, o que é um índice ótimo para um governo.
Entretanto, o tempo foi passando e Maduro se deparou com o inevitável: as consequências da economia em frangalhos que ele herdou do governo Chávez, cuja principal razão foi a queda no preço do barril de petróleo, principal produto do país e financiador de diversos investimentos sociais.
E é aí que o desastre começa. A hiperinflação chegou a 1.350.000%. Para se ter uma ideia em termos comparativos, a inflação no Brasil é, hoje, de cerca de 4,2%, mais de um milhão de vezes menor do que a hiperinflação na Venezuela. E mesmo durante o regime militar brasileiro, período hiperinflacionário no Brasil, os índices não passaram de 235%. Com toda essa inflação na Venezuela, o resultado foi a falta de insumos básicos para a sobrevivência da população, como comida e remédios. Cerca de 48% dos venezuelanos passaram a viver na linha de pobreza e os índices de violência dispararam, instaurando o caos.
Como resultado disso, as eleições legislativas de 2015 colocaram a oposição como maioria no parlamento, o que não acontecia desde 1999. Em 2016, essa oposição eleita começa a pressionar Maduro, iniciando um movimento para abreviar o mandato do presidente, o qual deveria ser de 6 anos, por meio de um referendo que precisava de cerca de 4 milhões de assinaturas para ser aprovado. Entretanto, a autoridade legislativa venezuelana vetou essa consulta para recolher as assinaturas, alegando irregularidades no processo. Aas eleições para presidência só aconteceram, portanto, em 2018, reelegendo Nicolás Maduro. No entanto, essa reeleição foi, obviamente, questionada quanto a sua integridade e regularidade, gerando protestos tanto a favor do presidente quanto contra.
A Suprema Corte e o presidente já estavam em pé de guerra contra a oposição, a população está nas ruas protestando desde 2017, a fome se instalou no país, junto com o desemprego. Parecia que nada poderia piorar, até que diversos países começaram a se intrometer nas questões venezuelanas. Os Estados Unidos, naturalmente, condenam veementemente Maduro, afirmando que ele é um ditador tirano. No entanto, parte da lama na qual a Venezuela se encontra foi produzida pelos EUA e seus vetos comerciais, intensificados no governo Trump, o que ajudou na queda no preço do petróleo.
O governo Maduro tem sido muito rígido com quem discorda dele. Foram presos cerca de77 menores de idade acusados de fazer oposição ao presidente, fato que chocou o mundo. Pior que isso só as 40 mortes em protestos que já foram registradas. Oportunamente, um homem que promete mudar tudo apareceu. Juan Guaidó era pouquíssimo conhecido até se autoproclamar presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro deste ano. Ele vem convocando greves e protestos por todo o país e é apoiado por vários chefes de Estado, como Donald Trump e seu fiel escudeiro, Jair Bolsonaro. Ambos não reconheceram a reeleição de Maduro e apoiam o líder da oposição. Veja a nota lançada pelo Itamaraty sobre o assunto:
“O Brasil reconhece o Senhor Juan Guaidó como Presidente encarregado pela Venezuela e apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem”
Além disso, o acontecimento mais recente é que o presidente Jair Bolsonaro está cogitando uma intervenção militar na Venezuela contra Nicolás Maduro. Ele tem conversado com o vice, General Mourão, e com outros aliados para intervir nas terras vizinhas. No entanto, não seria melhor abrigar os venezuelanos, que têm fugido em massa para o Brasil, com dignidade em vez de provocar mais violência num país que já tem sofrido tanto?
Muitos venezuelanos estão espalhados pelas terras brasileiras tentando fugir da fome e da miséria, mas aqui, acabam encontrando o mesmo cenário. Não é difícil encontrar esses refugiados pedindo dinheiro e comida pelas ruas de qualquer lugar do Brasil. Essa situação os torna vulneráveis à exploração sexual e de trabalho, já que, para muitos, não há outra saída.
O que nos resta agora é acompanhar o desfecho dessa angustiante história e ajudar, como pudermos, as vítimas dessa situação.