Na manhã de hoje, 10, o Prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella foi alvo de buscas feitas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro e a Polícia Civil do RJ. As buscas aconteceram na casa do prefeito e no Palácio da Cidade, sede do governo, e seu celular foi apreendido. A investigação é parte da Operação Hades, que apura um “QG da Propina” na prefeitura carioca. Já foram alvos da investigação Marcelo Alves, presidente da Riotur; Rafael Alves, empresário apontado como operador do esquema de pagamento de propina e irmão de Marcelo; o ex-assessor Lemuel Gonçalves; Mauro Macedo, ex-tesoureiro, e Eduardo Benedito Lopes, ex-senador, suplente de Crivella. Ao todo já foram expedidos 22 mandados de busca e apreensão.
A Operação Hades começou no dia 10 de março, quando foram expedidos 17 mandados de busca e apreensão com base na delação do doleiro Sérgio Mizrahy. O doleiro, que foi preso na Operação Câmbio Desligo, um desdobramento da Lava Jato no Rio, afirmou em depoimento que não sabia se o prefeito carioca estaria envolvido no “QG da Propina”. “Empresas que tinham interesse em fechar contratos ou tinham dinheiro para receber do município procuravam Rafael, com quem deixavam cheques. Em troca, ele intermediaria o fechamento de contratos ou o pagamento de valores que o poder municipal devia a elas”, afirmou Mizrahy em depoimento.
Naquela primeira fase da operação, enquanto policiais vasculhavam a Riotur, Crivella ligou para o celular de Rafael perguntado “O que está acontecendo na Riotur?”. Quem atendeu ao celular foi um delegado que já estava na casa de Rafael. O telefone foi apreendido na hora.
Em vídeo o Prefeito Marcelo Crivella comentou sobre operação do MPRJ com a Polícia Civil nesta manhã:
“Semana passada, o meu advogado, o Dr. Alberto Sampaio, esteve com o sub-procurador do Ministério Público Estadual, o Dr. Ricardo Martins, colocando à disposição os meus sigilos bancário, telefônico e fiscal por conta de denúncias publicadas na imprensa. Portanto, foi estranha a operação realizada hoje na minha casa, considerando ainda que estamos em período eleitoral. No entanto, quero registrar que vi respeito e integridade no procurador, no delegado e no oficial de justiça. A ação durou cerca de uma hora e nada foi encontrado. Considero essa ação injustificada, já que sequer existe denúncia formal e eu não sou réu nesta ou em qualquer outra ação. A investigação, que ainda nem se transformou em ação, se motiva em uma matéria do jornal O Globo, inimigo jurado do nosso governo, que alega existir na Prefeitura uma central de propinas, e a prova que apresenta é o pagamento devido pela administração anterior a uma empresa chamada Locanty. Vocês podem conferir no site de transparência da Prefeitura que nunca durante o meu governo foi feito qualquer pagamento a essa empresa. Lamento também que a Rede Globo de Televisão tenha chegado na minha casa antes dos oficiais. Como ela sabia se havia sigilo? Um mandado de busca e apreensão precisa vir acompanhado da motivação e os oficiais encarregados não apresentaram. Portanto, quero dizer que, apesar disso, do fundo do meu coração, confesso que prefiro o Ministério Público voluntarioso, mesmo com alguns excessos, do que aquele omisso, que permitiu ocorrer no Rio de Janeiro, em gestões passadas, o maior volume de corrupção já visto no mundo, que tantos prejuízos trouxeram e ainda trazem ao nosso povo. Uma conta amarga que tivemos que pagar de obras olímpicas superfaturadas. Vamos em frente e que Deus nos abençoe.”