Crônica: conversas e reflexões de amigos sobre a luta nossa de cada dia!

Em 24/05/2022 - Créditos: MAURO PIMENTEL / AFP

O SILÊNCIO DOS INOCENTES.

A morte de Genivaldo me traz a mente como o Estado olha para os seus.
Como está? Consolidando o fim do processo escravocrata e a formação da República. Uma das ações era o encarceramento em massa, e hoje ainda se vê.

O requinte e o aperfeiçoamento não está no curso de formação da PRF, entre outras agências do Estado. Se observar os pobres que o Estado construiu que andam pelas ruas das cidades, e que colocados a margem da sociedade, ficam presos em si. Vagando com seus sacos ou pacotes de mão.


Não foi recuso a cidadania, e sim a um banho, que o capital ou o Estado se ocupou em destruir os rios. E nunca em ter realizado uma reforma agrária, ou plano de moradia.


Em São Paulo deram o nome de “Cracolândia”, um espaço de “convivência’ em pessoas, que ainda representam o dia 14 de Maio de 1888. Embora 134 anos após, muitos ainda andam, sem destinos, sem direitos. Sem saber o que são. Sem sua própria referência.


Genivaldo representa o desejo do Estado do que fazer com pessoas que ele, Estado, despreza e mata. E não tem nenhuma vergonha em fazê-lo em plena luz do dia.

Como eram os antigos corporais na senzala, ou mesmo durante o Regime Militar. Não mais açoite, não mais pau de arara. O tempo muda. E as práticas também. Porém, o que se deseja é o silêncio dos inocentes.
O silêncio de quem não tem culpa, de quem não participa da corrupção, não é da ” justiça”, de quem não fica indignado.


UM RIO CHAMADO SERGIPE

No Rio, capital da República, da primeira lei contra o morro em 1941. Isso mesmo!! EM 1941, com a lei da vadiagem, onde Negros e pobres eram presos. Uma maneira de manter o morro na sua miserável condição.

Hoje o Estado subiu o morro, não com água, esgoto, escola ou área de lazer, posto de saúde. Não!!
Ocupou o morro com suas milícias, bandidos representando o Estado.

E, assim tivemos inúmeros mortos na Vila Cruzeiro. Por ação estatal. De uma briga de controle de duas facções e ambas do Estado.
Os inocentes precisam se manifestar. Não pós morte, muito menos clamar por justiça.


Seus corpos já tem o encontro com as balas perdidas, suas vidas desfeitas por agentes do Estado e pelo Estado.
Se o silêncio, não se romper, tantos outros corpos sumirão, irão bailar pelas cidades por uma marquise, ou ao encontro de balas perdidas.

Colaboração de Deco Nascimento, Geógrafo, pós graduado em Psicologia e Antropologia. Mestrando em Psicanálise. Ativista social, poeta e compositor. Professor de cursinho popular.

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