Era a campanha para a presidência do Brasil em 1989, na disputa estavam Brizola, Lula, Collor, entre outros. Na rua Elizeu de Alvarenga, em Nilópolis, Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, um gabinete do partido PDT me chamava atenção. Estava sempre vazio, a grande maioria dos moradores da região preferia Fernando Collor, apoiado pela elite nilopolitana que sempre flertou com a contravenção e a ditadura militar.
Sempre percebi que o PDT era uma potência que precisava de ajuda, por isso, passei a me dedicar na popularização do comitê da nossa rua. Eu chamava a atenção de todos para os serviços que ali poderiam ser prestados, como achar a zona eleitoral e explicar o processo de justificação do voto.
Um senhorzinho que morava em uma vila foi candidato pelo PDT na eleição seguinte, eu fui até sua casa e comecei a ensiná-lo a fazer sua campanha, já que eu era um experiente “Pdtista” aos 11 anos de idade.
Eu e mais um grupo de crianças panfletávamos pelas ruas próximas à nossas casas. Colocamos santinhos em todas as caixas de correio e tentávamos convencer alguns adultos pela rua.
No final, nos chamaram para receber nosso pagamento. Era “cinco conto”, olhei a grana e, como já estava fora de casa sem avisar o dia todo, pensei que se chegasse em casa com a grana, poderia piorar ainda mais minha situação.
Respirei bem fundo e disse: “Sou Brizola na cabeça!”. E fui embora levando meu grupo de crianças, saimos marchando com a bandeira do PDT pelas ruas. E brincamos de ser Brizola por todo o dia.
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