Desde março, muitas crianças estão em casa devido ao fechamento das creches municipais. Porém, quem achou que as cuidadoras seriam beneficiadas com isso, acabou se enganando. Assim como muitos setores da sociedade, essas mulheres foram prejudicadas com a perda das crianças, já que não tinha necessidade delas irem para a creche se os pais estavam em casa.
Em Rio das Pedras, zona oeste do Rio de Janeiro, muitas pessoas trabalham como cuidadoras para poder ganhar a vida e tiveram sua rotina alterada pela pandemia. Dois casos específicos chamam a atenção: Cleideleny dos Santos e Adriana Borges.
Cleideleny é enfermeira e há dois anos passou a ser cuidadora infantil. Antes da pandemia, ela cuidava de 20 crianças em sua creche. Depois que a Covid-19 apareceu, o número caiu para quatro, e Cleide teve que fechar momentaneamente a creche, passando a cuidar das crianças em casa.
Situação parecida aconteceu com Adriana que, com a queda no movimento em sua creche, os aluguéis começaram a se atrasar. Segundo ela, as mães e pais ajudaram muito nesse momento difícil, inclusive pagando a mensalidade mesmo com as crianças não indo à creche. “O movimento vem melhorando há cerca de dois meses e agora as crianças entram com máscara, fazem uso do álcool em gel, e a creche é higienizada”.
Há dois meses a situação de Cleide também começou a melhorar e hoje em dia sua creche conta com 13 crianças no total. Todas seguem uma rotina rígida para evitar a Covid-19. “Quando chegam na creche, as crianças deixam o sapato no tapete higiênico, entram e lavam as mãos com água e sabão. Os pais não estão entrando na creche, as janelas ficam abertas, e ventiladores sempre ligados. Na hora da soneca, as crianças dormem afastadas umas das outras”, complementa.
Mulheres como essas e de outras comunidades do Rio de Janeiro vêm para nos mostrar que, mesmo com os problemas causados pela pandemia, é possível não deixar a peteca cair e lutar para poder cuidar do bem mais precioso das famílias, as crianças.
Esta matéria foi produzida com apoio do Fundo de Auxílio Emergencial ao Jornalismo do Google News Initiative.
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