Bruno Ferreira começou a trabalhar com a diversidade sexual e de gênero como integrante do Lamparinas, Coletivo de Alunos LGBT do curso de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF). Desde então, trabalha na base com outros grupos de proteção e promoção da diversidade, bem como no GADVS – o Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual e de Gênero.
Para ele, as pessoas LGBTI+ – devem muito às pessoas trans, sobretudo às mulheres trans negras que iniciaram a Revolta de Stonewall (nos Estados Unidos) e que têm sido a principal trincheira de resistência, apesar da extrema vulnerabilidade a que estão expostas, aqui no Brasil. “As pessoas da comunidade que são cisgêneras têm uma dívida com a comunidade trans e devem trabalhar para que suas conquistas em direitos, visibilidade e representação alcancem também as pessoas trans.“ Ele acredita que a sua iniciativa é um esforço de formiguinha comparado ao abismo que ainda se precisa enfrentar e ao trabalho que a própria comunidade trans tem exercido há décadas para se inserir no mercado, lutar pelos seus direitos e promover suas pautas. É só acompanhar o imenso trabalho de grupos como o Transempregos, a Antra e o Capacitrans, por exemplo.
Nesse contexto, teve a ideia de fazer currículos gratuitamente para pessoas trans. “A evasão/expulsão escolar de pessoas trans no Brasil é de 82%, com 90% das pessoas trans fora do mercado de trabalho tradicional. Eu estava atualizando meu próprio currículo quando pensei que a falta de familiaridade com as ferramentas necessárias para produzir um currículo poderia ser um fator a mais para essa dificuldade – apesar de não ser, nem de longe, o fator primordial, que é a transfobia, é claro.“
Algumas empresas já estão o procurando através da popularidade que o seu projeto está alcançando na internet. Além de oferecer a construção dos currículos, ele pretende ampliar o seu trabalho, formulando um banco de currículos e fazer uma parceria com grupos do movimento trans, com o Transempregos, para encaminha-los aos recrutadores.
Ele nos conta que os feedbacks recebidos têm sido muito positivos e se sente grato por ter a oportunidade de impactar positivamente as pessoas. O que mais o anima, entretanto, é ver outras pessoas refletindo também sobre seu espaço de privilégio e pensando em como podem trabalhar para tentar dissolver um pouquinho das desigualdades que existem na comunidade.
Se você é uma pessoa trans e precisa de um currículo, pode enviar uma mensagem para as redes sociais de Bruno: (@ohgreatitsbruno) no instagram ou twitter. Depois desse primeiro contato, ele o encaminhará um formulário (www.bit.ly/transcurriculos) e o resto dessa conversa é por e-mail.