Das favelas cariocas para a Câmara dos Vereadores: conheça alguns dos candidatos ao cargo no legislativo do Rio de Janeiro

Com 51 cadeiras, Câmara dos Vereadores pode ser mais favelada

Neste mês, serão realizadas eleições municipais em todo o país para escolher quem ocupará a Câmara dos Vereadores de suas cidades e o cargo de prefeito pelos próximos quatro anos. O primeiro turno está marcado para o dia 15 de novembro e, havendo necessidade, um segundo turno será realizado em 29 de novembro.

Estas eleições serão diferentes por estarmos em meio à pandemia do novo coronavírus e por ter a maior participação de candidatos negros já registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No Rio de Janeiro, são 1.619 candidatos aptos a concorrer a uma das 51 vagas disponíveis para vereador, sendo que 349 (21,56%) deles se declararam pretos e 472 (29,15%) pardos.

O jornal A Voz da Favela abre espaço para seis deles, todos negros e crias das favelas e periferias cariocas, para que exponham suas propostas e atividades para potencializar o território da favela.

Foto: Marcelo Correia

Claudete Costa (PT) – Cidade de Deus

Ex-moradora de rua, foi uma das sobreviventes da chacina da Candelária. Primeira mulher representante do Movimento Nacional dos Catadores no Rio de Janeiro (MNCR/RJ). Tem como principais bandeiras a ampliação da coleta seletiva, com participação de catadores, e a promoção de políticas de assistência social para a população em situação de rua. “Minhas ações têm como objetivo o reconhecimento do trabalho do catador(a) para a sociedade. É preciso que haja uma inclusão socioeconômica deles, por meio de remuneração pelos serviços prestados”.

Foto: Bender

Gilmara Cunha (PT) – Maré

Fundadora da ONG Grupo Conexão G, que tem o intuito de refletir sobre a homossexualidade nas favelas, é a primeira transexual a receber a medalha Tiradentes da Alerj. Segundo ela, para que a política seja transformadora, é preciso conhecer as demandas dos que estão em vulnerabilidade na cidade: pessoas negras, LGBT e moradoras da favela. “Conhecemos o Complexo da Maré e suas especificidades, mas precisamos conhecer a realidade também dessas pessoas nas outras favelas para que possamos fazer uma política de fato inclusiva”.

 

Jota Marques (PSOL) – Cidade de Deus

Foto: Divulgação

Educador popular há mais de dez anos, foi o mais jovem conselheiro tutelar eleito na cidade do Rio, em 2019. É fundador do Coletivo Marginal, uma escola de educação popular, comunicação comunitária e política. Em sua jornada, realizou projetos que formaram cerca de três mil crianças, adolescentes e jovens. O candidato tem como principais bandeiras a educação, cultura, juventude, favela e negritude. “Essa cidade pode ser maravilhosa, desde que nós, o povo, estejamos com o poder na mão para trazer as soluções pros nossos problemas”.

 

Foto: Daniel Martins

Marcelinho (PCdoB) – Rocinha

Inspetor durante dez anos no CIEP Ayrton Senna da Silva, Marcelo Santos ou Marcelinho do CIEP, como é conhecido na Rocinha, começou a ganhar a vida aos 9 anos nos sinais de trânsito, vendendo jornais e biscoitos. Em 2018, iniciou o projeto socioambiental “Família na mesa”, na Rocinha. Tem como pauta principal o incentivo à educação dentro das favelas, sendo um defensor da escola em tempo integral. “Os jovens precisam ser incentivados e ter quem acredite em seu potencial para que assim consigam alcançar seus objetivos”.

 

Pipa Vieira (PCdoB) – Turano

Foto: Divulgação

Cria do Turano, sambista, compositor e produtor cultural, trabalha há mais de 15 anos promovendo a cultura independente nas ruas cariocas. É um dos fundadores da Rede Carioca das Rodas de Samba e formulador da Lei Gamarra, que institui o Programa Municipal de Incentivo, Salvaguarda e Fomento ao Samba Carioca. “Minha principal bandeira é a luta por uma cidade antirracista. Acredito que uma das pontes para essa transformação é através do fortalecimento dos movimentos culturais e do incentivo à educação das crianças das favelas”.

 

Foto: Divulgação

Sol Miranda (PSOL) – Brás de Pina

Educadora, formada em Letras, também é gestora cultural, produtora, pesquisadora e atriz integrante do Movimento de Teatro Preto Carioca. Sua principal bandeira é a redução das desigualdades, com foco na primeira infância. “A estratégia é fiscalizar e propor leis de proteção dos direitos das crianças, acesso à creche pública, além de mobilidade urbana que garanta deslocamento para o trabalho e lazer, e fortalecimento dos trabalhadores informais, que são maioria na cidade e precisam prover o sustento de suas famílias”.

 

Matéria originalmente publicada no jornal A Voz da Favela de novembro.