A proporção de brasileiros que defendem que as pessoas fora dessa categoria deveriam sair para trabalhar passou de 37%, no início de abril, para 41% em 17 de abril e para 46% na pesquisa realizada nesta segunda-feira, 27. Já os que apoiam o isolamento amplo, inclusive de quem está fora dos grupos de risco, passaram de 60% no início de abril para 56% no dia 17 e, agora, para 52%.
O Datafolha entrevistou na segunda-feira por telefone 1.503 brasileiros adultos com celular em todos os estados do país. A margem de erro é de três pontos percentuais
A adoção da quarentena apenas para idosos e pessoas nos grupos de risco é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro sob a alcunha de “isolamento vertical”. O governo, no entanto, até o momento não apresentou estudo que embase a medida.
Não por acaso, o apoio à volta ao trabalho de quem não está em grupo de risco é consideravelmente maior entre os que avaliam o governo Bolsonaro como ótimo/bom (67%) do que entre aquele os que o consideram ruim/péssimo (26%).
O apoio ao isolamento seletivo é maior entre os mais ricos —58% dos ganham mais de dez salários mínimos defendem essa posição, contra 44% dos que recebem até dois salários. Os mais ricos são também são aqueles que mais cumprem a quarentena, com índice de 71% (56% dizem sair só quando inevitável e 15%, nunca).
Nos últimos dias, estados e municípios em todo o país têm anunciado a retomada de atividades. O governo de São Paulo, por exemplo, divulgou, ainda sem detalhes, plano que prevê reabertura gradual a partir do dia 10 próximo, de acordo com condições do sistema de saúde.
A pesquisa Datafolha mostra uma alta no índice de brasileiros que acham que a população está menos preocupada com o vírus do que deveria — esse percentual passou de 44% em março para 56% na segunda-feira.
Segundo o levantamento, a proporção dos que defendem manter as pessoas em casa mesmo que isso prejudique a economia está em 67% e no levantamento do início do mês, eram 76% dos entrevistados.
De acordo com o Ministério da Saúde, o país registrou até esta terça-feira (28) 71.886 casos confirmados de coronavírus, com 5.017 mortes. Para 47% dos entrevistados pelo Datafolha, o número real é maior do que o divulgado.