Por Josué Gonçalves, Nathalia D’Lira, Renan Santiago e Thayná Almeida
55 km separam os bairros de Ricardo de Albuquerque, na extrema Zona Norte do Rio de Janeiro, e Trindade, em São Gonçalo. A falta de opções de lazer não impede que duas iniciativas culturais levem rap e cultura para as ruas. Conheça as duas rodas que estão transformando suas comunidades e fazendo a cabeça da galera da região.
Roda Cultural da Praça de Ricardo – Ricardo de Albuquerque, Rio de Janeiro
A RCPR (Roda Cultural da Praça de Ricardo) é um evento que acontece no Complexo do Chapadão. A roda oferece diversas programações gratuitas, como sarau de poesias, exposição de graffiti, slackline, batalha de rima, biblioteca de rua, pocket show, arrecadação de alimentos e agasalhos para caridade e outras intervenções artísticas.
O projeto, que também não conta com apoio de empresas ou do governo, nasceu com a ideia de mudar a cara do bairro de Ricardo de Albuquerque, marcado pela realidade da violência. O coletivo FED (Família Erva Doce) é o responsável por gerir a roda, hoje reconhecida como cultura e entretenimento no calendário cultural do Município do Rio de Janeiro.
Em dias de evento, é grande o número de crianças e jovens que buscam conhecimento e lazer através do entretenimento, incentivo à leitura e de um olhar melhor sobre o bairro onde moram.
Festival de Rap de São Gonçalo – Trindade, São Gonçalo
O Festival de Rap de São Gonçalo é um movimento que resiste há mais de quatro anos na Praça Leonor Corrêa, mobilizando jovens de 13 a 20 anos e também seus familiares, que marcam presença no evento.
Batalhas de rap, DJs, dança, graffiti e doação de livros fazem parte da programação. Recentemente, nasceu ali a primeira e única batalha de poesia da cidade: o Slam Trindade. Nesses quatro anos, já passaram pelos seus microfones jovens que, hoje em dia, têm seu devido reconhecimento como profissionais e que iniciaram a carreira ocupando a praça.
Os frequentadores conhecem as dificuldades de se fazer um evento semanal, sem qualquer apoio do poder público, mas, mesmo assim, todas as sextas, às 20 h, se unem para travar a batalha que é manter viva a cultura na cidade: “O Festival me ajudou na minha autoestima. Vejo como um ótimo projeto social pra ocupar a vida dos jovens com a cultura hip-hop – inclusive, ajudou a melhorar minha socialização e a minha forma de me expressar com as pessoas. Só tenho a agradecer”, afirma a jovem frequentadora Carol Marley.