Intervenção social nas favelas e a criação de uma rede de resistência à intervenção. Essas duas propostas sintetizam os resultados dos encontros ocorridos na noite de ontem (20) sobre a intervenção federal na cidade do Rio de Janeiro: “Debate sobre intervenção militar no Rio de Janeiro”, realizado na sede da Federação das Associações de Favelas do Rio de Janeiro (Faferj) e o “Fórum Cívico de Segurança”, realizado no Circo Crescer e Viver, Cidade Nova.
Discursos acalorados, posicionamentos contrários a algumas propostas e novas sugestões foram os ingredientes principais dos encontros.
A discussão na Faferj destacou a importância de provocar e intensificar o debate da intervenção nas favelas, um enfrentamento jurídico por meio de advogados populares, a luta por meio de movimentos políticos e partidários, dentre outras propostas.
“Precisamos disputar os meios de comunicação. Captar e conquistar mentes e corações sobre essa discussão”, disse Mônica Francisco, moradora do Borel.
“Essa não é a hora de ficarmos olhando o cisco no olho dos outros. Essa é a hora que todo mundo tem que se unir, porque tá todo mundo desorganizado. O morador da favela não tem culpa de nada”, disse Rafael das Favelas.
O primeiro encontro do Fórum Cívico de Segurança apresentou, inicialmente, um documento que busca alternativas de como monitorar a intervenção federal nas favelas, garantindo o direito à vida, os princípios constitucionais e críticas ao estado de exceção.
“Este documento é uma nota de repúdio à repressão. Temos que garantir o direito à vida”, disse o fundador e diretor de Políticas Urbanas do Observatório de Favelas, Jailson de Souza.
O documento apresentado dividiu a opinião dos representantes de instituições sociais e órgãos públicos, ativistas, moradores e moradoras de favelas e periferias.
Para alguns, a criação de uma rede de monitoramento significaria legitimar a intervenção.
Outros sugeriram a criação de uma rede de resistência à intervenção sem ter que cooperar com a medida federal de intervir militarmente nas favelas, mas como uma rede de denúncias de violação de direitos.
Esta última proposta acabou prevalecendo ao final do encontro, sendo o tema de discussão para o próximo Fórum.