“Eu vejo a vida melhor no futuro. Eu vejo isso por cima de um muro. De hipocrisia que insiste em nos rodear.”
Ednilson Sacramento, 56 anos, casado, morador da Fazenda Grande do Retiro em Salvador-BA. É Jornalista, Bacharel em Humanidades e Consultor em Acessibilidade Cultural. Coordena a ARCCA – Associação para Inclusão a Arte, Cultura e Comunicação e integra a Rede PCD Bahia, uma ação voluntária de disseminação dos direitos dessa categoria social. Atualmente estuda Produção Cultural na UFBA e faz consultoria em audiodescrição, que é um recurso de acessibilidade para imagens.
O jornalista perdeu a visão há 22 anos, foi diagnosticado com Retinose Pigmentar, uma doença degenerativa que atinge a retina e compromete a visão gradualmente. Hoje não enxerga nada. Precisou reaprender a viver e, principalmente, a caminhar no mundo sem o sentido da visão. E como ele mesmo diz uma caminhada muito rica, por incrível que pareça.
O interesse pela comunicação surgiu desde a juventude, quando fazia resenhas e críticas de shows de rock na Bahia. E tem como objetivo qualificar ainda mais sua atuação na defesa dos direitos humanos, mediando conhecimentos para a igualdade de oportunidades entre pessoas com e sem deficiência.
Para Ednilson as políticas públicas referentes ao mercado de trabalho funcionam pouco. De um lado, os empregadores dizem que não encontram essa mão de obra; de outro, as pessoas com deficiência atestam a negação de oportunidades. Ele diz que, se não houver uma mudança de mentalidade, pouca coisa mudará. Contrata quem realmente quer contratar. Fora isso é faz de conta.
As referências dele na área de comunicação são: Alberto Dines (In memória), Caco Barcelos, Liliane Reis e Roberto Dávila. Entre as indicações de leitura ele destaca (A acendedora de Lampiões, de Jackie Key), e na música a sugestão é Bela Lugosi’sDead, do Bahaus. Quando não está trabalhando, Ednilson usa o tempo com as Redes sociais e escuta música, e adora fotografia e vídeo.
Ele destaca que a sociedade de uma forma geral age com indiferença diante de pessoas com necessidades especiais. Apenas depois de um determinado contato, ocorre alguma empatia. Soma-se a isso, o medo, insegurança e descaso “mesmo pouco gostamos do que não conhecemos.”
A democratização da comunicação possibilita que profissionais como Ednilson e pessoas interessadas pela temática possam atuar e contribuir com seus talentos e habilidades para diminuir as desigualdades em vários setores.