Parque Vidigal

Foto: Instituto Sitiê

 Ideia de moradores transforma lixo em parque ecológico e se torna exemplo mundial

 No alto do morro do Vidigal, zona sul do Rio de Janeiro, 16 toneladas de lixo se acumulavam por 25 anos. Onde se encontravam restos de comida, eletrodomésticos, móveis quebrados e até animais mortos, atualmente, pode ser aproveitado um parque ecológico de 8,5 mil metros quadrados.

Mauro Quintanilla, morador da favela e músico, teve a ideia de limpar o lixão em 2005, quando lembrou que a área era um sítio na sua infância, como relata em entrevista ao Estadão.

Contou com o apoio de poucos amigos no início e teve de superar os comentários da família, que diziam que o projeto nunca daria certo.

Após seis anos de mutirões, que passavam a contar com um número cada vez maior de voluntários interessados em ajudar na limpeza e no reflorestamento do local, foi inaugurado o Parque Ecológico e Instituto Sitiê, termo formado a partir da mescla das palavras “sítio” com “Tiê-Sangue”, pássaro nativo que caracteriza o local.

Reciclando alguns itens encontrados no próprio depósito de lixo, contando com o apoio do Jardim Botânico para a doação das primeiras mudas e a chegada de um arquiteto pós-graduado em Harvard, o parque ecológico ganhou o reconhecimento de primeira agrofloresta do Rio de Janeiro em 2012 e, a partir de então, o projeto só cresceu.

Projeto comunitário: Inclusão social e Economia

Em uma zona carente de infraestrutura e lazer, o parque ecológico oferece atividades de reciclagem, reflorestamento, agricultura urbana, paisagismo, educação e design ambiental.

Divertindo as crianças do Vidigal e fomentando práticas sustentáveis de consumo, o projeto visa oferecer maior inclusão social a famílias através de ações ecológicas.

Ao mesmo tempo, apresenta o importante resultado econômico de já ter conseguido produzir mais de 700 quilos de verduras, legumes e frutas, sendo todos doados aos moradores da favela.

Parque Vidigal 1
Foto: Instituto Sitiê

Projeto Social: Democracia Direta

Além dos âmbitos econômicos e sociais, o projeto ainda conta com uma proposta política de Ágora Digital (AD), um espaço para diálogo e deliberações dos moradores da favela sobre os mais variados assuntos que envolvem a vida em coletivo no Morro do Vidigal.

Este princípio vai de encontro às propostas políticas que visam à democracia direta, uma forma de democracia em que as favelas estão empoderadas para resolverem os seus próprios problemas, sem que sejam necessários políticos profissionais como representantes das decisões do povo.

Um exemplo para o mundo

Contudo, o Parque Ecológico e Instituto Sitiê conta com ambições bem maiores do que ajudar apenas a favela do Vidigal e já se tornou um projeto com reconhecimento mundial, recebendo diversos prêmios internacionais.

Parque Vidigal 2
Foto: Instituto Sitiê