Não sou de escrever muito sobre uma passagem da minha vida, mas as vezes é inevitável se manifestar. Em 1994 fui preso e condenado injustamente por tráfico e associação ao tráfico. Fui baleado pela polícia no Morro Azul e como eu não era traficante, os policiais forjaram drogas e armas e a justiça aceitou a denúncia e fui condenado a 12 anos e 6 meses de reclusão, dos quais fiquei 8 anos e 7 meses encarcerado.
Porque estou escrevendo isso? Porque li nos jornais que o governador do Estado do Rio de Janeiro, falou essa semana que vai criar 50.000 “vagas” e construir um novo complexo penitenciário no valor de R$ 800 milhões de reais! Nosso governador continua com sua obsessão de matar e trancafiar pretos, pobres e favelados. Num encontro público para fazer o balanço de seis meses de governo, Wilson Witzel, destacou alguns resultados na área de segurança, e se omitiu em outros.
Se orgulhou de anunciar que a polícia efetuou 21 mil prisões em todo o estado do Rio. 21 mil pessoas presas. Um número deveras assustador. Isso sem contar com o elevado crescimento dos famigerados “Autos de Resistência” que são verdadeiros salvos condutos para polícia do Rio (Seja civil ou militar) matar indiscriminadamente sabendo que serão absolvidos em algum tribunal. E o pior, com a aprovação de muitos “cidadãos de bem”. Esse ano a cada 7 mortes por arma de fogo, 5 foram realizadas pela polícia.
Nos anos que fiquei preso, conheci muitos condenados com uma história parecida com a minha. Pessoas inocentes presas por engano ou por perversidade dos policiais. E o perfil desse preso é o mesmo em 90% dos casos. Preto, pobre, favelado. Digo com certeza e conhecimento de causa, que 1 terço do efetivo carcerário, é formado de pessoas inocentes. Então isso quer dizer que o governador pretende mandar para a cadeia 15 mil seres humanos inocentes.
O mais grave disso tudo é que o governo não anunciou até agora nenhum programa ou projeto de melhoria nas áreas com maiores índices de violência. Seja na área de saúde, educação ou saneamento básico.
Para WW a única atenção que o estado deve dar para a periferia é o rigor da força policial.
E por falar nisso:
LIBERDADE PARA RENAN DA PENHA
