Nesta quinta-feira, 19, é comemorado o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino. A data, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2014, tem o intuito de ampliar as oportunidades de mulheres integrarem setores majoritariamente ocupados por homens. Nas periferias do Rio de Janeiro, Angélica Bueno e Anna Paula Sales mostram a importância de ser uma empreendedora.
Angélica, de 62 anos, artesã há 40 anos, e moradora de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, criou em 2018 a “HLC marca“, onde produz acessórios de moda sustentáveis. A artesã se baseia nos princípio da resignificação do lixo. “Reaproveitamos tecidos, CDs, vinis, embalagens de papel e outros resíduos. Além de materiais orgânicos como sementes, pedrarias, folhas, cascalhos de coco, de ostras e de madrepérolas, para produção dos acessórios”, explica.
Anna Paula, é moradora de Itaguaí, também na Baixada Fluminense, e fundou o “Curso Escola Saberes Comunitários“, onde ministra aulas de Educação de Jovens e Adultos (EJA), capacitação profissional e de jovens aprendizes, dentro das comunidades do estado do Rio. “O meu trabalho é transformar vidas, pois acredito na inclusão social através da educação e cultura”, afirma.
Com a pandemia, as dificuldades com seus empreendimentos foram acentuadas, porém Angélica e Anna Paula, não deixaram de se reinventar. De acordo com a artesã de Nova Iguaçu, por ficar inviável ir a feiras para expor seu material e vendê-lo, passou a viver do auxílio emergencial e com o salário mínimo de sua mãe, que vive junto com ela.
No entanto, para não ficar parada, Angélica passou a produzir lives e conteúdos educativos no Instagram da marca. “O intuito é conscientizar as pessoas sobre a sustentabilidade, pois esse é um dos principais intuitos da HCL marca, fazer moda respeitando a natureza”, disse.
Este momento, para Anna Paula, foi um duro golpe, pois, precisou suspender todas as aulas presenciais e adotar as reuniões virtuais. “Estou me reinventando e reestruturando todos os cursos pra continuar alcançando o maior número de pessoas possível”.
Os desafios de se empreender na periferia vêm desde antes da pandemia. De acordo com Angélica, seus produtos saem mais facilmente quando os leva até a Zona Sul do Rio de Janeiro. Porém, ao fazer isso, precisa vender muito mais do que na Baixada, para cobrir as despesas de passagem e alimentação, o que acaba ficando muito caro.
Segundo Anna Paula, ser uma empreendedora na periferia é ser criativa, ter sensibilidade e acreditar na capacidade de fazer um negócio funcionar. “Precisamos estar atentas às oportunidades em meio a tantas dificuldades. Ser empreendedora periférica é ser sagaz”, completou.
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