A palavra “desafavelização” no título desta reportagem pode ser curiosa para quem não sabe do que se trata. Mas o que ocorre no Parque Vila Nova, na favela do Lixão, é descabido e desumano, segundo moradores e articuladores envolvidos nesse árduo processo.
Com dois anos de obras na localidade, a prefeitura de Duque de Caxias prometeu desfavelizar as comunidades periféricas do centro da cidade, deixando mais vistosa a infraestrutura local. Com isso, inúmeras famílias sofrem com a desocupação de seus imóveis.
Indenização irrisória
O que deveria trazer benefício, não traz. Isso ocorre por conta dos valores indenizatórios oferecidos aos imóveis retirados e da pressão feita aos que não aceitam as condições absurdas apresentadas.
Segundo Vitor Lourenço, articulador do Movimenta Caxias, “estão oferecendo entre trezentos e oitocentos reais por metro quadrado. Como farão essas pessoas? O valor do metro quadrado atual de Caxias é de quatro mil reais. Não há como essa gente adquirir algo com o que está sendo oferecido”.
Alguns moradores não aguentam a truculência das ações e topam o acordo. Dessa forma, construções são derrubadas sem nenhum cuidado com as que ainda não se alinharam com a proposta.
O medo e a sujeira acumulada por conta dos escombros fizeram com que o número de ratos e outros animais transmissores de doença se ampliasse.
Representantes de movimentos sociais e famílias de Duque de Caxias. FOTO: Beatriz Domingos
Luta por conquistas
“Estamos ajudando na organização da busca pelo direito do cidadão. Hoje temos 150 famílias mobilizadas e essa articulação trouxe evoluções nas negociações. Esperamos obter êxito, como ocorreu na favela beira-mar”, concluiu Vitor Lourenço, articulador do Movimenta Caxias.
A defensoria pública tem ajudado na adequação dos interesses através de reuniões mensais. Enquanto isso, a ideia de condomínios de luxo na localidade segue a todo vapor. É mais um ato de exclusão dos periféricos.
Há uma promessa vigente de acomodações populares. Entretanto, será necessário aguardar as tratativas e cobrar o que é dito em todos os encontros realizados.