A Guarda Municipal com reforço, nessa madrugada, para expulsar a ocupação cultural Marielle Franco que estava no seu décimo segundo dia dentro do Automóvel Clube Brasileiro, no Centro da cidade.
Não teve agressão física dos ocupantes, mas sim truculência. Não eram seis horas da manhã quando os homens fardados, contando com a presença de um oficial de justiça, cortaram a corrente com alicate e começaram a empurrar o portão travado do outro lado por barricadas. Os ocupantes recém-acordados tiveram alguns minutos para reunirem seus pertences e saírem. Alguns móveis e colchões ficaram no local até serem friamente jogados na caçamba do caminhão da Comlurb, junto com uma grande quantidade de entulhos que testemunham do abandono do prédio e do descaso do poder público pelo seu patrimônio.
Já desde sexta-feira tinha sido retirado aos moradores o direito de entrar e sair da ocupação, deixando praticamente “presas” as quatorze pessoas que se encontravam por dentro, sem poder receber visita e nem qualquer encomenda ou doação que não fosse comida. As refeições eram preparadas do lado de fora por um coletivo de apoio – formado em grande parte por pessoas que entraram junto nos primeiros dias mas acabaram saindo – e servidas em horários fixos, três vezes ao dia, sob o olhar rígido da guarda municipal que ainda se dava o trabalho de abrir uma por uma as quentinhas, conferindo se acaso não tinha nenhuma entrega ilícita escondida no meio do feijão. Até os cigarros eram proibidos e haviam de passar escondidos. A intenção clara é sugar os últimos ocupantes que resistiram até o final, denunciando mais uma vez o absurdo de ver um prédio público em desuso.