São grades.
Grades abissais,
frias,
estrondosas,
oxidadas.
Não durmo,
não acordo,
não mastigo,
não defeco e
não grito.
Mal consigo deixar o ar entrar em meus pulmões.
Sinto que olhos estão a me observar,
Eles me perseguem,
eles me olham,
Meus mais sutis movimentos são acompanhados por eles.
Estou presa,
estou presa pelos pés,
pelas mãos,
estou presa pelos ouvidos.
Aqui tudo cheira a isolamento,
O isolamento fede, fede como carniça.
Silêncio!
Um breu, passos… Rumores.
Não há mais como se rebelar
Sou inocente?
Estranho, louco ou diferente?
Só penso em mudar…
Helen Ferreira – 06/02/08