O Dia das Mães deverá ser adiado para agosto, segundo proposta do governador paulista João Doria apresentada ao comércio ontem, 23, como sondagem. Teve boa receptividade a ideia que, se confirmada, poderá forçar o adiamento da comemoração em todo o país. Este ano, o dia das Mães será daqui a 15 dias, em 10 de maio, segundo domingo do mês. É a segunda data de maior movimento comercial, atrás apenas do Natal.
A sondagem foi feita na reunião solicitada por entidades de comerciantes que foram pedir a Doria a flexibilização do isolamento para as famílias se reunirem, mas não tiveram nenhuma simpatia à ideia. O governador, aliás, lembrou que o Dia das Mães foi criado por seu pai, o publicitário baiano João Agripino da Costa Doria, que popularizou a comemoração no Brasil em 1949, ao lançar uma campanha que institucionalizou a data.
Embora com boa aceitação por parte dos empresários na reunião, alguns não gostaram nada da proposta, como José Isaac Peres, da Multiplan, empresas de shopping centers:
“Qual a diferença em flexibilizar a quarentena cinco dias antes ou um dia depois do Dia das Mães? Adiar vai ser muito ruim para o varejo. O comerciante já está muito mal, já são muitos desempregados. Temo que o desemprego seja uma causa futura de doenças até piores que a Covid-19.”
Este raciocínio é antigo entre a equipe econômica do governo federal, que já convenceu o presidente Jair Bolsonaro, principal defensor do fim do isolamento e da retomada das atividades normais no país. Para levar adiante seu plano, ele substituiu o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por Nelson Teich, que ontem, diante do recorde de 407 mortes em 24 horas, disse que “se for uma linha de tendência de aumento, os números dos próximos dias vão aumentar cada vez mais. Temos de ver nos próximos dois dias o que vai acontecer.”
A declaração do ministro da Saúde não dá margem a especulações sobre qualquer flexibilização social, sobretudo depois do alerta da Organização Mundial de Saúde e da Organização Pan-americana de Saúde de que o eixo da contaminação não é mais a Europa, mas sim a América Latina.