Dia de sol

(imagem: reprodução da internet)

Aos interessados, escrevo esta carta:

Eu preciso me mostrar o sol.
Me furtar alegria já não faz sentido.
Ainda ouço a tristeza mais profunda ao pé do ouvido.
Sussurros leves e suaves a me puxar com anzol.

Trancado em meu quarto,
Meus amigos até me chamaram.
Mas ainda posso sentir o gosto amargo.
São minhas marcas gritando por socorro.
Nas noites mais tristes, eu choro, eu morro…
Por dentro.

A pressão, a depressão, a sensação
de ter uma dor…
Forte, não é mesmo, leitor?
Mas eu preciso escrever.
A culpa é minha como pode ver.

De estar assim, de terem me largado,
De terem morrido ou estarem adoentados.
O mundo precisa culpar alguém.
Não se culpe achando que é sempre o gatilho, meu bem.

Nestas quatro paredes,
Ansiedade e medo se juntam a tudo.
Este relato era diferente há 5 minutos.
Me despedia da vida de meus 20 e poucos,
sem barulho.
Meu choro clama em silêncio.

Sozinho, abri fresta na janela.
Os olhares na avenida se esquivaram de mim.
Muitos dali achavam “frescura”.
Então por que existem tantos formados
em “curadores de frescura”?

Eu nem esperava,
até que uma mensagem fez questão de surgir:
“Como você tá?”
Eu nem pensava em sorrir.
Mas era cedo para sumir.

Abro a porta,
Necessito encontrar a que se importa.
Jogo minha lâmina no branco lençol.
Por favor Deus, não me deixe só!
Afinal, só por hoje é dia de sol.

Israel Sant’Anna Esteves