Nesta sexta-feira, (2) de junho, é celebrado o Dia Internacional das Prostitutas, e a Associação Pernambucana das Profissionais do Sexo (APPS), promove uma Feira de Saúde e Beleza, no Pátio de São Pedro, no Centro do Recife.
Confira no final da matéria os registros do evento.
Serão ofertados gratuitamente: emissão de RG, registo de nascimento, casamento e óbito, entrega de preservativos, gel lubrificantes, orientações sobre tuberculose, oferta de Profilaxia Pré Exposição (PreP), orientação jurídica e de assistência social, atualização de cartão de vacinas, além da divulgação da Plataforma de Denúncias contra Crimes de LGBTFOBIA do Recife.
A programação começa às 14h, com os serviços citados e uma oficina de turbantes e recital de poesias vai acontecer às 18h, com falas políticas dos diversos parceiros da iniciativa.
A coordenadora da APPS, Vânia Resende, descreve a importância do evento para a classe das trabalhadoras do sexo.
“Esse dia é muito importante para dar visibilidade ao movimento de prostitutas para o reconhecimento, porque apesar da gente ter a profissão mais antiga e não é regulamentada. A ação quer mostrar a questão da luta por direitos, porque trabalho sexual é trabalho”, afirmou Vânia, prostituta que atua há 20 anos no movimento.
Sobre a organização
A APPS é uma organização de caráter classista, sem fins lucrativos, fundada em 2002, com o objetivo de representar as profissionais do sexo no estado de Pernambuco, lutando pelo reconhecimento da prática da prostituição como direito e sua legalização.
Desde sua fundação, a organização atua nas áreas da saúde, educação e cultura, promovendo os direitos humanos das profissionais do sexo, lutando contra o preconceito e a discriminação.
Parcerias
A APPS integra a Rede Brasileira de Prostitutas, Rede de Trabajadoras Sexuales de Latino Y El Caribe, Rede de Combate à Exploração Sexual de Criança e Adolescentes, Rede Combate ao Tráfico de Pessoas, Rede de Terreiros, Fórum de Mulheres – PE, Fórum LGBT-PE, Articulação AIDS-PE, Conselho Estadual de Saúde, Conselhos Gestor de Saúde dos Grandes Hospitais – PE, Centro de Prevenção às Dependências.
Dia internacional da Prostituta
Trata-se de uma data comemorativa, que lembra a discriminação das prostitutas, as suas condições precárias de vida e de trabalho e a sua exploração. O ponto de partida para esse dia comemorativo foi o dia 2 de junho de 1975, no qual mais de 150 prostitutas ocuparam a Igreja Saint-Nizier em Lyon, na França. Elas protestavam contra multas e detenções, em nome de uma guerra contra o rufianismo (atividade de quem tira proveito da prostituição alheia), e até contra assassinatos de colegas que sequer eram investigados.
Além disso, maridos e filhos de prostitutas eram processados como rufiões, por se beneficiarem dos rendimentos das mulheres. Tabernas deixaram de alugar quartos para as trabalhadoras do sexo, com medo da repressão policial. A igreja e a população de Lyon apoiaram a manifestação e deram proteção a elas. O Dia da Prostituta é celebrado anualmente desde 1975 no dia 2 de junho.
A ocupação da igreja foi transmitida por todos os meios de comunicação, no país e no exterior, inclusive no Brasil. As mulheres exigiam que o seu trabalho fosse considerado “tão útil à França como outro qualquer”. Outras 200 prostitutas percorreram as ruas de carro distribuindo folhetos, com denúncias de que eram “vítimas de perseguição policial”, o que as impedia de trabalhar. Uma carta foi enviada ao presidente Giscard d’Estaing.
O movimento se ampliou para outras cidades francesas, como Marselha, Montpellier, Grenoble e Paris, onde colegas também entraram em greve. No dia 10 de junho, às 5 horas da manhã, as mulheres da igreja de Saint-Nizier foram brutalmente expulsas pela polícia.
Ao ter a coragem de romper o silêncio e denunciar o preconceito, a discriminação e as arbitrariedades, chamando a atenção para a situação em que viviam, as prostitutas de Lyon entraram para a história. Por isso, o 2 de junho foi declarado, pelo movimento organizado, como o Dia Internacional da Prostituta.
*Diga não ao feminicidio e ao transfeminicidio! Pare de nos matar somos mulheres precisamos viver. Somos mãe, filhas, avós, amantes, amigas, amadas precisamos viver. Somos pretas, brancas, amarelas, ruivas, indígenas precisamos viver. Pare. Somos trans, cis, lésbicas, travestis, precisamos viver. Somos médicas, domésticas, atrizes, enfermeiras, costureiras, poetisas, professoras, prostitutas, jornalistas, escritoras, cantoras, delegadas promotoras, motoristas, cozinheiras, lavadeiras precisamos viver. Porque mulher é vida e toda mulher, mulher da vida”. *Vânia Rezende*
Por Tatiane Feitosa @tatianefeitosa_contacao