Dia Internacional do livro: o que você está lendo?

Há um erro grosseiro que se é cometido cotidianamente ao afirmarem que o brasileiro não gosta de ler.

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Nós lemos sempre e o tempo todo.

Lemos o olhar de insatisfação oriundo de um comentário desagradável, lemos aquele prato delicioso que conversa diretamente com a nossa fome, lemos a mentira que sai da boca e é entregue pelos gestos que não conseguem reforçá-la.

Ler é algo do nosso cotidiano, não dá nem tempo de não gostar, quando percebemos, já estamos lendo.

E os livros, o que eles têm haver com isso?

A literatura é uma das chaves de compreensão de mundo. Livre e livro são quase a mesma palavra para que entendamos que a literatura é a arte da liberdade.

Começamos nosso processo de leitura na escola e isso é um fator que indica o quanto somos ou não crianças espertas.

“Nessa pouca idade e ele já sabe ler?”

“Viiiixe, ele ainda não sabe ler?”

Quando crianças, lemos letreiro de padaria, panfleto de mercado, placa de carro e tudo parece uma diversão sem fim. Porém, algum momento ocorre essa cisão e, infelizmente, o livro aparece como um culpado disso.

Culpado? Não, não, retiro minhas palavras, a culpa verdadeira é do manuseio que se dá a ele. Ao chegarmos nas séries do fundamental 1 e 2, e do ensino médio, o livro se torna um verdadeiro carrasco, um inimigo próximo, uma bomba relógio prestes a estourar. “Façam as atividades da página 28 até a 55”.

O pensamento jovem já fica com preguiça sem sequer saber quais conteúdos serão abordados. A mente para de funcionar imediatamente, nem dá tempo de contar exatamente o número de páginas, todas são resumidas a “ahhhhhhh Professor, é muito página!”.

A resposta seguinte varia em justificativas que indicam que a maioria das páginas são com figuras ou algo que demonstra a insatisfação do professor com aquele material didático. Isso se repete durante o mínimo de 10 anos. E quando percebemos, o jovem, o livro e a leitura deixam de se gostar.

Lorena Ribeiro, Deko Lipe, Ian Fraser, Alê Santos, Carla Brito, Itamar Vieira Jr, Anderson Shon, João Mendes, Maria Ávila… sabe o que eles são?

Escritores vivos e suas obras, suas vivências, suas existências são fundamentais para que o jovem não crie uma distância com a literatura. Lembra que eu falei que tudo é leitura?

Pois bem, também podemos fazer esses jovens lerem seus sonhos na figura de pessoas que escrevem e que estão se movimentando para que ele enxergue a própria realidade através dos livros. Vou te dar uma exemplo; quando você está vendo o jornal e de repente aparece alguém conhecido, a sua atenção muda, você chama logo alguém pra ver “mãe, fulano tá no Bahia Meio Dia”.

Esse é um processo simples de representatividade. Eça de Queiroz, Guimarães Rosa, Alphonsus de Guimarães… Desculpa a heresia, mas eles não se conectam hoje como se conectaram antes, trabalhar esses livros requer uma motivação e uma estratégia muito grande dos educadores ou o efeito será reverso.

Imagine o quão enriquecedor será uma escola adotar o livro “A vida e as mortes de Severino Olho de Dendê” e chamar o autor Ian Fraser para explicar a sua mistura de “Auto da Compadecida” com “Star Wars”.

Hoje nós entendemos o livro muito além da sua existência no papel. E dia 23/11 (dia internacional do livro), alguns dias após a Bienal do Livro da Bahia, nós podemos concluir que ler é algo que nos abraça e que em algum período esquecemos de como isso é bom, mas logo logo relembramos.

Afinal, se não fosse isso, você nem estaria aqui comigo, né? Tenhamos todos uma boa leitura.

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Anderson Shon
Graduado em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela Faculdade da Cidade do Salvador, Anderson Shon, atualmente, é professor do Centro de Educação Ávila Góis, professor - Canto de Estudo, professor do Instituto Bom Aluno da Bahia e professor - Educandário Helita Vieira. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Anderson Mariano é escritor e professor. Lançou o livro Um Poeta Crônico no final de 2013 e, desde lá, já apareceu em coletâneas de poesia e de contos. Já ministrou oficinas em diversas feiras literárias da Bahia e é figura certa nos saraus de Salvador. É apaixonado por literatura e produz contos para abastecer o andersonshon.com. Em 2019, lançou o Outro Poeta Crônico, continuando sua jornada no mundo da literatura. Além de escritor, Anderson Shon é professor de redação e escrita criativa, sendo o professor com maior número de alunos premiados no Concurso de Escritores Escolares e, em 2018, lançou um livros de contos e poesias com os alunos do colégio estadual Conselheiro Vicente Pacheco do bairro de Dom Avelar. Anderson entende que ser professor não é uma profissão, é uma missão e que os livros são os melhores amigos que um estudante pode ter.