População de baixa renda carece de atendimento psicológico gratuito especializado - Foto: Andrew Imanaka
População de baixa renda carece de atendimento psicológico gratuito especializado - Foto: Andrew Imanaka

No Dia Internacional da Saúde Mental, faz-se necessário lançarmos luz sobre uma realidade que afeta profundamente milhares de indivíduos. Muito além dos fatores biológicos, as pressões sociais e econômicas desempenham um papel crucial na saúde mental feminina, principalmente, nas mulheres negras pobres.

A face oculta do sofrimento.

As mulheres negras enfrentam uma batalha silenciosa contra o esgotamento mental. Responsabilidades desde muito jovem, horas de deslocamento até o trabalho, cuidado intensivo com aqueles que estão em seu entorno familiar, e a angústia das contas não fecharem e não terem a quem recorrerem, seja emocional ou financeiramente muitas vezes.

A insegurança econômica é um fator determinante para a saúde mental. Nas famílias brasileiras lideradas por mães solo, 62% têm uma mulher negra como principal provedora. Ao mesmo tempo, 63% dos lares chefiados por mulheres negras vivem na extrema pobreza. Essa realidade financeira precária cria um terreno fértil para o desenvolvimento de transtornos mentais. Dados revelam que 54% delas estão muito insatisfeitas com sua situação financeira, em comparação com 39% das mulheres brancas. Essa disparidade não é coincidência.

Além das dificuldades financeiras

O peso da discriminação racial e de gênero agrava ainda mais a situação. Mulheres negras são 70% das vítimas de mortes violentas no Brasil e os principais alvos da violência doméstica. Esse cenário de violência constante gera traumas profundos e estresse crônico.

Uma pesquisa realizada pela ONG “Think Eva”, revelou que 45% das mulheres brasileiras possuem diagnóstico de ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais. Entre as entrevistadas, 86% consideram ter sobrecarga de responsabilidades, especialmente as mães solo e cuidadoras. Muitas mulheres negras da periferia, por se sentirem sobrecarregadas com os outros, postergam o cuidado com a própria saúde mental. 

Caminhos para mudança

É fundamental que nossa comunidade se una para enfrentar esse desafio. Para isso precisamos:

  1. Exigir políticas públicas que garantam acesso a tratamentos psicológicos de qualidade nas periferias.
  2. Combater ativamente o racismo e o sexismo em todas as esferas da sociedade.
  3. Criar e fortalecer redes de apoio comunitário.
  4. Incentivar o autocuidado e a busca por ajuda profissional.

É importante lembrar nesse dia que, cuidar da saúde mental não é luxo, é necessidade. Juntos, podemos construir uma comunidade mais saudável e acolhedora para todas as mulheres.