Hoje, dia 12 de novembro é comemorado o Dia Mundial do Hip Hop.
O movimento Hip Hop nasceu na década de 1970 no Bronx, gueto de Nova Iorque. No dia 12 de novembro de 1973, a data foi instituída como o nascimento do Hip Hop junto com a Fundação Zulu Nation.
Após 48 anos de luta e resistência, o Hip Hop toma conta do mundo, aqui no Brasil não é diferente.
Os movimentos crescem, as rodas culturais se multiplicam, artistas conquistam o reconhecimento, viajam pelo mundo, contam suas histórias.
Falar de Hip Hop no Brasil, é lembrar que tudo começou na periferia de São Paulo, mas hoje está presente em todos os cantos do país, inclusive, é muito forte no Rio de Janeiro.
Falando de Hip Hop
Alexandre Souza Campos, conhecido como Xandy MC, tem 26 anos e é cria do Jacarezinho, favela da Zona Norte do Rio.
Aos 15 anos ele começou a fazer um som, aos 16 anos encarou o freestyle (arte do improviso). Quem começa com o freestyle, sem dúvidas acaba se interessando pelas batalhas que acontecem nas rodas culturais, e com o MC não foi diferente.
Falando sobre rodas culturais, não podemos deixar de lado a força e a determinação de uma mulher que também vive o Hip Hop. Graciele Pereira, conhecida como Grazy Pérola é coprodutora e DJ da “Roda Cultural Canta Teresa”.
Grazy, tem 38 anos, é mineira, mas há alguns anos mora no Morro dos Prazeres, no bairro de Santa Teresa. Junto com a amiga e produtora, Camila Cattoi, ela toca a roda cultural apoiada por toda a equipe (DJ’s, produtores e mestre de cerimônia).
Hélio Cavalckanti, o Helinho, é carioca e tem uma grande experiência com o movimento Hip Hop. Ele começou a dançar no meio “Underground” das ruas e em 2008 tornou-se um profissional da dança.
Ele sempre buscou conectar os quatro elementos da cultura (Grafite, DJ, MC e B-boy). Na busca por fazer a diferença na dança, ele acrescentou passos de danças da cultura brasileira (samba, funk, capoeira e o charme carioca) aos passos que já fazia, dessa forma ele deu uma atualizada, sem perder a essência original.
Ocupando os espaços
No ano de 2015, Xandy MC fundou o coletivo “Pac’Stão”, formado por jovens artistas de Manguinhos, favela da Zona Norte do Rio, que se reuniam toda segunda-feira em frente a Biblioteca Parque de Manguinhos.
A partir desses encontros, foi criada a “Roda Cultural do Pac’Stão”, com o objetivo de trazer mais jovens para perto da cultura, amenizando o ambiente e o tornando agradável para os moradores e para as crianças, que sempre viram o território como uma zona de conflito.
Já a “Roda Cultural Canta Teresa” recebe um público variado em questão de idade e território, pois eles vêm de todos os lugares do Rio.
Na próxima segunda-feira (15) a roda cultural vai completar seis anos de resistência. A roda que começou por conta do número de assaltos no bairro, e por conta da carência de um ponto de cultura urbano em Santa Teresa, segue lutando contra as dificuldades e preconceitos.
Hélio Cavalcante foi contratado pela Käfig, uma Companhia Francesa de dança Contemporânea + Hip Hop e percorreu mais de 24 países, mais de 300 cidades pelo mundo.
Há 12 anos, Helinho criou a RUA21, uma organização que visa capacitar, organizar e unir todos os coletivos cariocas através da produção cultural, da economia criativa e do empreendedorismo.
Conectando caminhos através do Hip Hop
Os caminhos de Xandy e Grazy já se cruzaram, pois o idealizador da Roda Cultural do Pac’Stão, costuma frequentar a Roda Cultural Canta Teresa.
Assim como na história de conquista de Xandy MC, os caminhos de Helinho também são de conquistas através do movimento. Xandy fez um intercâmbio de 14 dias em Lisboa, Portugal, após ganhar a primeira batalha do Festival Terra do Rap, e o Helinho conheceu vários países através da dança, realizando mais de 480 espetáculos.
“O Hip Hop foi a minha formação como pessoa, foi através dele que eu me interessei pelos estudos, pela produção cultural, foi por causa dele que eu entrei na faculdade de pedagogia, curso que não terminei. Eu acreditava que a gente tinha que entrar na universidade e ocupar aquele espaço, foi o Hip Hop que trouxe minha autoestima, que me deu voz e me deu ouvidos. Tudo o que eu sei é por causa do hip hop. Com o Hip Hop eu aprendi que existem novos caminhos, que não necessariamente você vai ser um médico, advogado, professor, mas vc pode ser um MC, DJ, um fotógrafo, diretor, produtor cultural, roteirista, existe um mundo de oportunidades”, afirma Xandy.
Os jovens do meio Hip Hop buscam reconhecimento a partir do que fazem. Grazy fala ao observar as rodas durante esse anos, que eles querem um espaço para fazer poesia, batalhar e dar esse espaço é muito importante.
“Eu apenas dançava, hoje eu sou beatmaker e DJ, sou reconhecida por isso, mas eu só aprendi tudo quando me envolvi diretamente. O carinho de todos me faz crescer. Muito boa essa sensação. Eu sou doida para trazer a roda para dentro da favela, tentar resgatar adolescentes que têm o potencial para seguir em frente com o seu sonho, mas que antes não tinham essa oportunidade”, disse Grazy Pérola.
Hoje, em comemoração a essa data importante para o movimento Hip Hop, vai rolar um evento que vai unir apresentações de DJ’s e MC’s com um mutirão de grafite e exposição de arte. O evento é gratuito e vai acontecer em frente a Biblioteca Parque de Manguinhos. Horário: 19h.
No domingo, dia 14 de novembro, a partir das 17h, acontece o aniversário de seis anos da Roda Cultural Canta Teresa. A roda costuma rolar todo domingo no Largo do Curvelo, mas essa roda comemorativa e gratuita vai acontecer no Parque das Ruínas, localizado na Rua Murtinho Nobre, 169. Com tempo chuvoso a roda vai acontecer dentro do teatro, no mesmo local.
“Meu sonho é abrir um Centro Cultural, onde a gente tenha um lugar para a cultura e a educação. Para que as crianças e a juventude tenham mais opções e oportunidades. Tornar o ambiente escolar mais atrativo, um espaço onde as crianças possam desenvolver suas habilidades artísticas e assim ter uma perspectiva de vida melhor. A favela já é um lugar muito violento, então as crianças precisam se expressar através da arte”, conclui Xandy MC.
Confira abaixo mais imagens.
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