Segundo dados do IBGE (2017), a taxa de analfabetismo das pessoas com 15 anos ou mais é de 7%, ou seja, 11,5 milhões de pessoas, índice que é o triplo entre os maiores de 60 anos. Entre o público que entra no ensino superior calcula-se que 30% dos universitários são analfabetos funcionais.
Alia-se a este panorama tétrico, as ações recentes do governo federal para enfraquecer o ensino superior, a tentativa de taxação do livro e as censuras veladas ou não, que desestimulam o debate democrático e a pluralidade de ideias.
O Dia Nacional do Livro é comemorado desde 29 de outubro de 1810, data em que foi transferida para o Brasil a Real Biblioteca Portuguesa, hoje conhecida como Biblioteca Nacional, localizada no Rio de Janeiro.
Dois anos antes, em 1808 D. João VI fundou a Imprensa Régia e o primeiro livro editado foi “Marília de Dirceu”, do escritor Tomás Antônio Gonzaga. Há outras datas comemorativas como o Dia Mundial do Livro, Dia do Livro Infantil etc.
Entretanto, não há muito o que comemorar. Seja com livro impresso ou digital, as barreiras continuam de pé. O acesso ao livro e à leitura é um desafio para uma parcela da população que, fora da escola ou com índices de escolarização precários, é excluída da maioria das políticas públicas.
Se o dito popular “vale o que está escrito” fosse pra valer, teríamos que deixar de fora várias discussões. Aliás, nem sempre o que está escrito pode continuar valendo, pois revisões históricas demonstram que a narrativa do colonizador tende a camuflar, apagar e silenciar vozes.
A sugestão não é apagar a história nem queimar livros, mas incluir as narrativas de negros, indígenas, lgbtqia+, mulheres, ciganos e todas as maiorias minorizadas.
Só assim, com um país plural, democrático, respeitando, aliás, as literaturas orais e tradicionais, ampliando o debate e acolhendo todos os saberes, podemos fazer uma grande roda e concluir com um abraço coletivo.
Até lá, o debate saudável e respeitoso precisa ser feito todos os dias, não só em data específica.
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