A exposição Diásporas de Dentro inaugura às 18h do dia 7 de novembro, na Galeria da Passagem – Centro Cultural da Uerj. A mostra coletiva busca reúne artistas que vem trabalhando através das artes visuais desde perspectivas diaspóricas e visa contribuir para a circulação de suas produções. Como ação da mostra, prevemos ainda um evento aberto de conversa artistas participantes a acontecer no dia 21 de novembro. A entrada é franca e tem visitação aberta até o dia 25 de novembro, segunda à sexta-feira, das 8h às 20h. Artistas Gláuber Lacerda,Ismael David,Leandro Cunha,Pedro Vidal,Tarso Gentil,Thais Ayomide,Valéria Felipe,Organização e curadoria Aissa Seidi e Rafa Éis.
Sobre o grupo de artistas:
Gláuber Lacerda cresceu e viveu parte da sua infância na Comunidade da Bairreira do Vasco, situada no bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro. Atualmente suas atividades profissionais estão divididas entre ministrar aulas de matemática e fotografar.
Sua paixão pelo universo das artes visuais, especialmente pintura e fotografia, teve origem no Colégio Pedro II. No entanto somente em 2004 iniciou de forma autodidata pesquisas de novas formas, materiais e técnicas de pintura e desenho, entretanto todas as obras de artes eram destinadas em presentear seus familiares e pessoas queridas.
Essa é a primeira vez que suas pinturas estarão em uma exposição. Tendo como fonte de inspiração temas relacionados á comunidade africana e afro-brasileira, destacando aspetos da mulher negra como beleza, poder e realeza dentro das tensões sociais. Atravessando algumas das varias realidades que passam pelas religiões de matrizes africanas aos contrastes raciais e políticos bem presentes no nosso cotidiano.
Em 2016 iniciou as pinturas em antenas, quando não tinha dinheiro suficiente para comprar telas, desde modo, decidiu utilizar antenas que encontrava no lixo dos vizinhos para realizar suas pinturas.
Ismael David é artista visual e licenciando de artes visuais pela universidade do estado do Rio de Janeiro, onde foi bolsista do projeto Paisagem urbana da artista Regina De Paula. Realizou diversos cursos livres na escola de artes visuais do Parque Lage e participou do programa de fundamentação artística, trabalhou em ateliês de artistas, como Ernesto Neto. Foi curador da exposição encruzilhadas, formada por artistas negros e periféricos em sua maioria. Atuando em mediação em museus e centros culturais, desenvolveu diversas oficinas, entre elas a beleza mortal dos vírus apresentada na Red
Pop, congresso internacional de arte, ciência e tecnologia em Medellín, Colômbia. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Leandro Cunha
Fotógrafo e vídeo maker. Seu trabalho se concentra na reconexão com a experiência da cultura afro-diaspórica através do corpo negro na fotografia, religiosidade e cultura popular.
Pedro Vidal A partir da minha vivência como homem preto no Brasil, busco compartilhar através da pintura, desenho, instalações, poesia e música, o processo de violência que a população preta sofre no Brasil, assim como exaltar a luta por direitos sociais, igualdades e a busca por nossas raízes africanas. Apresentando a ancestralidade, a espiritualidade e as vivências negras como ferramentas de fortalecimento contra as opressões sociais que sofremos. Nas minhas séries artísticas apresento a influência das memórias de violência nas nossas vidas, e como essas memórias serviram como base para o nosso processo de resiliência como povo. Expressando concomitantemente que a nossa resiliência não é orientada unicamente a partir das memórias violentas, mas sim a partir da esperança por mudanças.
As memórias negativas nos fazem ser realistas sobre o contexto de opressão em que vivemos, mas as memórias positivas, e nossas raízes, é que nos dão forças para resistir e avançar.
Hoje estou trazendo a minha série de obras “Negra Luz”, nesta série “Negra Luz” apresento a influência das memórias de violência nas nossas vidas. As memórias negativas nos fazem ser realistas sobre o contexto de opressão em que vivemos, mas as memórias positivas, e nossas origens, é que nos dão forças para resistir e avançar.
Thais Ayomide
Como mulher, negra, e artista, busco através das construções corporais, da poesia e da fotografia exaltar a ancestralidade e a figura da população negra. Trazendo nas obras um paralelo de gerações, relembrando as lutas dos nossos antepassados que transpassam nossas histórias. Entendo que pensar arte é deixar ecoar nossas vivências e potencialidades, inúmeras vezes se trata de ocupar um espaço de resistência e de resiliência que não nos sentimos pertencentes. É importante se reconhecer como artista e mais do que isso, se reconhecer como POESIA URBANA e assim entender a importância da nossa representatividade. Acredito que o ponto central do meu trabalho esteja em mostrar as potências que existe no cotidiano e como elas se conectam às matrizes africanas. Os terreiros de candomblé entram na minha pesquisa como forma de conexão ancestral é por meio deles que construo um trabalho documental e singular sobre a cultura afro- brasileira.
A dança é um recurso que utilizo para auxiliar no resgate das memórias, pois é no corpo que estão contidas nossas narrativas, desta forma reconhecemos de onde viemos para assim sabemos quem somos, enaltecendo a cultura negra e o que ela ecoa na sociedade. O povo negro em dado momento foi desumanizado ao ter sua cultura retirada, busco por meio da poesia reassumir a identidade de nossas mulheres que possuem lutas diárias e conquistas significativas ao questionar padrões que nos aprisionam. O provérbio africano Ubuntu, cuja definição é ‘eu sou, porque nós somos’, dá norte as minhas fotografias, pois entendo que somos frutos dos que nos antecederam e que estes um dia foram Reis, meu trabalho resgata a realeza do povo negro através da poesia presente na arte. A série Baobá retrata a esperança de um novo começo vindo de ventre marcado de memórias e vida, um ventre livre, Baobá fala da imensidão do gerar e sobretudo da importância de ampliar a escuta de histórias que antecedem as nossas. A série recebe esse nome porque Baobá é uma árvore sagrada na cultura africana, por sua antiguidade ela representa origem. Essa série foi feita a partir do meu trabalho de conclusão de curso “Memórias de uma Maré cheia” que fala sobre a resiliência do corpo negro feminino através da memória de nossas mães. As fotografias além de tudo trazem as vozes das mulheres periféricas, cada foto traz consigo um relato, trata-se de uma série documental onde cada uma fala sobre como suas mães ( e como ser mãe) auxilia no processo de crescimento individual e coletivo. É uma séria toda em P&B e o contraste é o que busco mais trabalhar, pois o objetivo é ressaltar a pele negra e mostrá-la tal como ela é, sem tentativas de clarear ou maquiar; foco nas feições sobretudo das mulheres mais velhas, cada marca carrega uma história e cada história a constitui.
Tarso Gentil
Crescido nas ruas de Duque de Caxias, na baixada Fluminense, Tarso Gentil foi um menino de pés descalços e olhos atentos aos acontecimentos a sua volta. Um garoto preto da periferia com atenção que perpassa uma sensibilidade incomum. Além de artista plástico, Tarso também é ator e cenógrafo, se iniciando nas artes ainda criança através da atuação no teatro, televisão e cinema. Tendo passado por vários projetos e cursos como a Escola de teatro Tablado, a Escola técnica de teatro Martins Pena, entre outros. Mais tarde também chegou a cursar belas artes na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Essa vivência dúbia e cindida entre o morro e o asfalto proporcionou uma melhor percepção e identificação dos processos e situações de desigualdade social que nos situa, urgindo assim a necessidade de transformar essa vivência em arte.
Com uma estética conduzida por linhas e pontos, o artista desenvolve sua arte pensando deslocamentos, trajetórias, caminhos e ancestralidade.
Com a criação do Ateliê Tabu, Tarso, se debruça neste universo marginal urbano, trazendo uma arte reflexiva que questiona a “normalização” se não banal, da margem no cotidiano da cidade. Com obras inspiradas nessa realidade, produz sua arte da matéria prima da vivência desse cotidiano, seja como agente ou expectador dos dramas circunstanciais da sociedade urbana.
Na série que Intitula ” Memórias de um cotidiano ancestral” traz a tona um olhar para uma sociedade que tem assassinado suas origens por longas décadas. uma busca incessante pelas memórias já passadas, mas tão presentes em nossos rostos, peles, olhos e estórias. Tarso Gentil apresenta seus atravessamentos, conduzindo uma linha tênue entre a arte e a ancestralidade, entre a sociedade e o indivíduo, entre o corpo e o espírito.
Valéria Felipe
Artista plástica nascida no estado do Rio de janeiro.
Tenho como foco principal retratar a mulher preta, a liberdade do corpo e da alma. Procuro através das pinturas expressar e explorar simbolicamente,nossos ancestrais .Cuja representatividade é sempre Yorubana. Tento sempre representar nas pintura a essência e a sensualidade de uma forma sútil.
Tenho a poesia como marca em quase todas .Tenho como marca nossa Ancestralidade e nossos mitos sagrados.
Serviço
Exposição ‘Diásporas de dentro’
7 novembro (quarta-feira) – inauguração 18h
8 a 25 de novembro – visitação das 8h às 20h
Conversa com artistas 21 de novembro – 15h às 17h
Galeria da Passagem
Centro Cultural da UERJ
Rua São Francisco Xavier, 524,
Maracanã, Rio de Janeiro / RJ
CEP: 20550-900