“Eu sou um assassino” faz repensar a pena de morte nos EUA

Créditos: reprodução Netflix

No Brasil, não temos pena de morte institucionalizada como no Estados Unidos (retratado no documentário que vou indicar neste texto), mas podemos fazer um paralelo com a “pena de morte simbólica” que se faz presente no país da máxima “bandido bom é bandido morto”. Um caso que pode ilustrar tal relação e que ganhou bastante notoriedade na mídia é: o atual governador Witzel ordenou a execução de um jovem que fez reféns na ponte Rio-Niterói, desnecessariamente, já que a situação poderia ter sido resolvida com outras táticas e sem uma morte: a arma que o homem usava era de brinquedo. Logo após, o falecimento gerou comemoração da população e até do presidente que publicou em seu twitter: “Parabéns aos policiais do Rio de Janeiro pela ação bem-sucedida que pôs fim ao sequestro do ônibus na ponte Rio-Niterói nesta manhã. Criminoso neutralizado e nenhum refém ferido. Hoje não chora a família de um inocente.”

Casos como esse, cada vez mais comuns no atual governo, revelam o perigo da criação de uma pena de morte, debate comum no dia-dia do brasileiro, mas também nos alerta para os dados das já ocorrentes mortes de “bandidos” e inocentes pelo Estado. De acordo com a coordenadora do Observatório de Segurança do RJ, Silvia Ramos, a polícia ainda é a principal responsável pelo número de homicídios de moradores de favelas e outras periferias, totalizando mais de 50% do total de assassinatos.

Aqui afirmo a importância de se problematizar a ideia de pena de morte, de se debater de forma responsável, de se procurar informações acerca dos Direitos Humanos, em vez do que corriqueiramente ouvimos nas falácias “bandido bom é bandido morto” e que os Direitos Humanos “defendem bandido”.

Imagem: Reprodução Netflix.

De acordo com o documentário da Netflix “Eu sou um assassino”, produzido em 2018, desde a pena de morte reinstituída em 1976 no EUA, mais de oito mil indivíduos foram sentenciadas à morte por assassinato. A série documental traz casos como o de pessoas que quando sentenciadas, eram tão jovens que nem sabiam o que era pena de morte, levando à tona a reflexão sobre o argumento de que a medida faria a população não cometer crimes com medo de ser executada. Outras provocações também são feitas ao trazer, já no primeiro episódio, a história de um homem que sofria tanto com as crueldades do encarceramento que recorreu a um assassinato para ser sentenciado à pena de morte e se libertar do sofrimento.

Por mais que olhar para temas como o encarceramento, pena de morte e violência policial seja pesado, é importante conhecer do que se está falando antes de defender uma ideia de forma fervorosa. Atualmente, com o movimento do streaming, documentários e outros tipos de produções audiovisual se tornaram mais acessíveis e populares, antes tidas como coisas de nerds, intelectuais ou apenas com finais de estudos obrigatórios. Além do bom entretenimento que precisamos na tão corrida rotina moderna e que esses serviços de streaming nos oferecem, também é interessante procurar dados, vivências, histórias, pesquisas, etc. para nos mantermos informados politicamente.