Por conta da forte chuva semana passada o evento foi transferido para amanhã terça-feira 16/04.
Pense em um projeto inovador “que deveria, necessariamente, reunir pesquisadores que são moradores de favelas e têm os seus centros de pesquisa ali dentro e também reunir instituições que têm uma larga tradição nessa área de pesquisa sobre favelas” – pensou? Pois ele existe, é o Dicionário de Favelas Marielle Franco, nas palavras de sua coordenadora Sônia Fleury. E ele será lançado oficialmente nessa terça-feira 16 de abril, em comemoração aos 33 anos do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde – Icict, da Fiocruz, no Salão de Leitura da Biblioteca de Manguinhos, na Fiocruz.
Resgate da memória
A ideia do Dicionário surgiu quando Sônia Fleury começou a trabalhar com política pública – UPP e UPP Social. Ela percebeu as dificuldades de agregar as informações dispersas sobre favelas, que se espalhavam por diferentes plataformas acadêmicas (antropologia, sociologia, políticas públicas, urbanismo e etc.) e pensou em reunir esse conhecimento.
Ao mesmo tempo, a pesquisadora notou que havia uma demanda dos movimentos sociais das favelas pela necessidade de se dar voz aos próprios moradores. Assim, ela reuniu representantes de iniciativas já estabelecidas como o Grupo Eco, da favela Santa Marta, do CPDOC do Grupo Raízes em Movimento, do Morro do Alemão, ou do Centro de Estudos e Ações Culturais e de Cidadania – CEACC, da Cidade de Deus e trouxe também pesquisadores como Luiz Antonio Machado da Silva, um dos pioneiros da área, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos – IESP, da UERJ. “Fizemos um bonde, convidamos essas pessoas – intelectuais de dentro da favela e intelectuais que estudam a favela para nos associarmos e criar essa ideia do Dicionário”, explica Sônia Fleury.
Espírito vivo
O grande desafio era transformar o Dicionário em algo que todos pudessem construir juntos. Marcelo Fornazin, professor do Instituto de Computação da UFF, foi quem deu o formato ideal com o uso da plataforma Wiki. “A Wiki é um meio de mobilizar as pessoas a falarem de suas realidades, de se trabalhar com isso”, explica Fornazin. E assim nasce a WikiFavelas, a plataforma que é a base do Dicionário.
“Quando a plataforma Wiki se descola de um dicionário, de um livro físico em papel e vai para um ambiente virtual, o processo de edição desse conteúdo fica mais aberto, várias pessoas podem colaborar. O Dicionário passa a ter um ‘espírito vivo’ que está sempre se atualizando, sempre se modificando”, afirma Fornazin. Na WikiFavelas, as pessoas podem construir seus verbetes, aprimorá-los, acrescentar conteúdo, editar. São mais de 150 pessoas contribuindo para os verbetes, gente de várias favelas no Rio de Janeiro e a tendência é de crescimento.
Os verbetes são os mais variados Por exemplo, é possível saber um pouco da história dos bailes funk, no verbete ‘baile funk’, ou saber o significado das AEIS – ‘Área Especia lde Interesse Social’, ou ‘Carnaval de rua na Maré’, ou ‘Guerra ao crime organizado? Favelas e intervenção militar’, ‘Projeto Vamos Desenrolar: Produção de Conhecimento e Memórias’, só para citar alguns exemplos.
O lançamento será realizado a partir das 13h30, no Salão de Leitura da Biblioteca de Manguinhos, da Fiocruz, que fica na Av. Brasil, 4.365, em Manguinhos, no Rio de Janeiro (RJ). A entrada é franca, mas é necessária a inscrição no link https://eventos.icict.fiocruz.
Dicionário de Favelas Marielle Franco
SERVIÇO
Evento: Lançamento do Dicionário de Favelas Marielle Franco e Comemoração dos 33 anos do Icict/Fiocruz
Data/Horário/Horário: 16/04 – Das 13h30 às 17h
Programação: Apresentação Cultural | Mesa de Abertura | Homenagem à Marielle Franco | Apresentação do Wikifavelas | Roda de Conversa | Encerramento
Local: Salão de Leitura da Biblioteca de Manguinhos – Av. Brasil, 4.365, Manguinhos, Rio de Janeiro (RJ)
Inscrições: https://eventos.icict.fiocruz.