Com o fechamento de todas as escolas públicas no Rio de Janeiro desde o dia 16 de março, por conta da pandemia da Covid-19, as aulas passaram a ser realizadas remotamente e on-line. Apostilas e videoaulas, foram algumas das soluções para que os alunos continuassem estudando durante a pandemia.
Porém, muitas famílias sentem dificuldades nesse novo modo de aprendizado por não ter acesso à internet, não ter boa conexão ou por ter só um celular para compartilhar entre todos os membros da família. Na rede estadual, um chip foi prometido a todos os alunos para que o acompanhamento das aulas fosse facilitado, o que não aconteceu.
Aline Santos, 41 anos, moradora do Complexo do Alemão, mãe de Thayanne, 9, e irmã de Vitória, 10, relata a dificuldade de receber esse material. Segundo ela, quando as escolas mandavam as apostilas via WhatsApp, conseguia imprimir o material, mas depois que passaram a enviar via Facebook, não conseguiu mais. Outro problema é o custo de imprimir várias folhas em uma lan house. Aline também conta que a última vez que as crianças estudaram pela apostila foi cerca de três meses atrás.
Álvaro Maciel, coordenador pedagógico do CAIC Euclides da Cunha, colégio da rede estadual em Rio das Pedras, zona oeste carioca, levanta outra questão que dificulta o aprendizados de muitos estudantes. “Muitos alunos não têm interesse em participar das atividades on-line porque julgam não ser atrativas. A pandemia modificou a vida de muita gente, principalmente dos mais pobres. Realizar atividades remotas e on-line requer, além de internet e dispositivos, atenção e concentração”.
O coordenador afirma, ainda, que existe uma grande diferença entre estar em uma sala de aula, dentro da escola e ouvir o professor explicar um assunto, e estar disposto a entrar em um ambiente virtual e realizar as atividades. “Esses alunos, que passaram por tantas mudanças durante esse ano, alegam não ter ‘cabeça’ para realizar as atividades. E isso é uma grande verdade. Se para nós, gestores e professores, é difícil criar esse hábito como rotina, é muito mais para os nossos alunos”, explica.
Nota: O que diz a Seeduc?
“A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) já distribuiu o material pedagógico impresso para os estudantes, facilitando o acesso para aqueles com dificuldade de acesso à internet. Em locais de difícil acesso, foram disponibilizados, inclusive, polos para a retirada do material. Além disso, todas as escolas estaduais da Seeduc receberam, ainda, arquivo com material didático de estudos e recursos para realizarem a impressão deste material para disponibilizar para os alunos. Quanto aos chips, após abertura de concorrência para a compra do dispositivo, foi verificado que o valor oferecido por empresas de tecnologia estava até quatro vezes maior que o de mercado. Por esse motivo, a pasta optou por entregar material impresso para todos os alunos, criar um call center para tirar dúvidas e exibir aulas na TV aberta”.
Nota: O que diz a Secretaria Municipal de Educação?
“Não há necessidade de impressão. Os materiais estão disponíveis para serem acessados on-line. De toda forma, quem estiver com dificuldade de acesso à informação on-line pode acompanhar os conteúdos pedagógicos pela TV – as informações estão sendo transmitidas diariamente pela TV Bandeirantes e TV Escola. E também para as pessoas que estiverem com outras dificuldades de acesso, a Secretaria Municipal de Educação entrega material didático impresso, de forma escalonada, a fim de não gerar aglomerações. Os responsáveis que desejarem solicitar o material devem entrar em contato pelo e-mail: MATERIALPEDAGOGICOSME2020@outlook.com .
Logo após a suspensão das aulas presenciais, a Secretaria lançou a plataforma de estudos SME CARIOCA 2020 para os cerca de 641 mil alunos da Rede Municipal de Ensino, com conteúdos direcionados para cada ano de escolaridade – da Educação Infantil ao Ensino de Jovens e Adultos. De fácil manuseio, pode ser baixado via celular e computador pelo endereço eletrônico https://app.vc/smecarioca2020 e já registra mais de 6,5 milhões de acessos.
A plataforma também pode ser acessada pelo aplicativo Escola.Rio, lançado recentemente pela SME com uma série de funcionalidades para pais e alunos. Os estudantes da Rede Municipal de Ensino ainda contam com uma grande vantagem ao acessar o aplicativo Escola.Rio: não terão gasto com o consumo de dados de sua conexão, pois a Prefeitura oferece o serviço de navegação gratuitamente.
A Secretaria Municipal de Educação oferece ainda outros recursos para os alunos estudarem durante o período de suspensão das aulas. O conteúdo didático está disponível no site da MultiRio, que ainda disponibiliza aulas virtuais. Os professores da Rede Municipal de Ensino também estão repassando conteúdos e atividades por meio de redes sociais, como Youtube, Facebook e Whatsapp. Todo o conteúdo pedagógico é baseado nos objetivos de aprendizagem das Diretrizes Nacionais Curriculares.
A SME também estreou, no último dia 13/8, uma programação na TV aberta para auxiliar o aprendizado remoto dos alunos da Rede Municipal de Ensino durante a pandemia. O programa Escola.Rio, iniciativa da Secretaria Municipal de Educação, em parceria com a MultiRio, tem conteúdo transmitido nos seguintes canais: Band e MultiRio, às 13h30, e Tv Escola, às 19h30.”.
Esta matéria foi produzida com apoio do Fundo de Auxílio Emergencial ao Jornalismo do Google News Initiative
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