Em vídeo publicado por Wilson Witzel, o governador aparece em um helicóptero da Coordenação de Recursos Especiais da Polícia Civil dizendo que vai colocar “ordem na casa” e militares atiram da aeronave em uma favela em Angra dos Reis. A repercussão da filmagem foi enorme, ainda mais pelo fato de o governador ter passado o final de semana em um hotel de luxo com sua família na mesma cidade na qual fora “colocar ordem”. Witzel afirmou que a estadia foi cortesia do hotel, o que foi desmentido pela própria empresa de hospedagem.
Munida dessas informações, a deputada estadual psolista e presidente da Comissão de Direitos Humanos Renata Souza denunciou Witzel à Organização das Nações Unidas por sua atitude em Angra dos Reis, já que o governador agiu de maneira descabida e que incitava a violência.
O que ocorreu, no entanto, foi um pedido de cassação do mandato da deputada, feito pelos aliados do governador. O mandato de Renata é legítimo; seu “erro” foi discordar. Para o governo atual, é muito fácil resolver as divergências ideológicas: é só expulsar quem não apoia suas atitudes, tal qual uma criança mimada.
Marcelo Freixo e outros deputados coligados à Renata Souza saíram em defesa da candidata. Vários veículos de comunicação, artistas e figuras públicas se manifestaram contra Witzel, acusando-o de genocídio. O fato é que ele, que começou tímido nas campanhas eleitorais no ano passado, ganhou sorrateiramente, demonstrando que na cabeça da maioria dos cariocas há uma ideologia semelhante a do governador, o que torna todos os seus apoiadores complacentes com suas ações.
Antes de reclamar de um político, é válido lembrar que ele é o reflexo da população que o elegeu. A partir daí, eu incito o caro leitor a tirar suas próprias conclusões.
Matéria publicado no jornal A Voz da Favela, edição de Junho de 2019.