Nascido e criado no morro do Cantagalo, no Rio de Janeiro, Hugo Germano, de 30 anos, tem voado cada vez mais alto, mostrando toda pluralidade que existe por trás de quem cresceu sentindo na pele, as dificuldades de um homem negro no Brasil que escolhe a arte como ofício.
Prestes a dar vida ao marinheiro Julião, no longa-metragem “Pluft, O Fantasminha”, dirigido por Rosane Svartman e produzido por Clélia Bessa, que estreia dia 21 de julho, o ator reforça, mais uma vez, que talento independe de cor ou raça.
O filme infanto-juvenil, baseado na épica peça de teatro de Maria Clara Machado, é o primeiro brasileiro live-action em 3D. No enredo, Maribel, vivida por Lolla Belli, é raptada pelo pirata Perna-de-Pau, interpretado por Juliano Cazarré, que quer usá-la para achar o tesouro deixado pelo seu avô, o falecido Capitão Bonança Arco-íris. Na casa deserta onde o idoso residiu, ela aguarda pela ajuda dos marinheiros e amigos do velho, Julião, Sebastião, vivido por Arthur Aguiar e João, feito pelo ator Lucas Salles. No entanto, eles não chegam e, enquanto isso, Maribel acaba conhecendo o fantasminha ‘Pluft’, vivido por Nícolas Cruz, que tem medo das pessoas e da Mãe Fantasma, interpretada pela atriz Fabíula Nascimento.
Honrado por mais um personagem na carreira, Germano tem boas expectativas para o novo projeto. “Espero que o filme encante todas as crianças e suas famílias. Este clássico é uma história passada de geração para geração. Sempre que falo do filme para alguém, essa pessoa diz que o assistiu quando pequena ou que já ouviu essa história sendo contada pela mãe ou avó. Espero que todos saiam inspirados e emocionados acreditando que o cinema brasileiro deve ser ainda mais adorado”, ressalta.
Há 15 anos no mundo das artes cênicas, o ator reforça diariamente que um menino da periferia precisa e deve sempre acreditar nos sonhos. Além do longa-metragem, ele estará nos filmes a serem lançados “Um Suburbano Sortudo 2”, “Mussum, o Films” e “Desapega”, e integrará, também, o elenco da próxima novela das 6, “Mar do Sertão”, de Mário Teixeira, na Rede Globo.
E, se engana, quem pensa que acabou. Com versatilidade de sobra, o artista produz, ainda, duas peças-vídeos, sendo essas, “Esse menino”, monólogo que fala sobre a infância de Sebastião Prata, o saudoso Grande Otelo, e o “Cria 3.0”, que conta a história de alguns personagens do morro do Cantagalo, onde nasceu e foi criado. Durante o cenário pandêmico, por exemplo, o talentoso criou ainda, junto com os parceiros Ricardo Lopes e Jean Marcel Gatti, o coletivo “Se Essa Rua Fosse Minha”, o qual produziu o filme “Inanição”, que está em circulação pelos festivais do mundo todo.
Pequeno no tamanho, mas gigante na arte de interpretar, seja na TV, no teatro ou nas telonas, Germano colhe os frutos de tamanha entrega desde quando sua história começou. Tendo trabalho como palavra de ordem, ele é a representação do país que pode dar certo, sendo fonte de inspiração para outros jovens oriundos das favelas. “A arte é tudo para mim, já que não consigo viver sem ela. A pandemia de Covid-19 só me fez reforçar essa ideia. Encontrava modos de continuar fazendo uma arte que potencializasse ainda mais o coletivo. Ela nos faz ter empatia com o outro e, através dela, ganhamos forças para enfrentar as adversidades”, salientou.
Entusiasmado com os últimos projetos, e sem tempo para descanso para os que estão por vir, Hugo Germano segue a todo vapor, rumo ao que ainda desejar conquistar. “Sempre pretendo alcançar os meus pares. Cada vez mais vejo pessoas pretas ocupando espaços de grande importância, o que não era comum quando mais novo. Eu não via negros como eu na televisão ou no teatro, e acredito que quando ocupo esse lugar, estou passando o bastão para os meus iguais. Também adoro desafios, procuro sempre encontrar coisas novas em cada personagem que faço, pois, assim, mantenho uma arte viva nos meus trabalhos”.
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