Com a pandemia, pessoas que já passavam por um estado de extrema vulnerabilidade social estão ainda mais desamparadas. Pensando nisso, a estilista e moradora da rua do Lavradio, Centro do Rio de Janeiro, Marah Silva começou a produzir quentinhas para distribuir aos moradores de rua. Nesta segunda-feira, 29, a ação chega a importante marca de 10 mil refeições produzidas e distribuídas no Centro da cidade.
Antes da pandemia, Marah já tinha o hábito de doar garrafas de água
gelada à moradores de rua, em pequenas quantidades, toda vez que saía. No início da quarentena foi surpreendida pelo relato de um grupo de moradores de rua que pediam comida, e falavam da queda significativa no número de doações e de assistências.
As conhecidas “carreatas”, que diariamente levam refeições prontas, estão paradas e com a pouca circulação de pessoas os moradores de rua não estão recebendo as pequenas colaborações. Tocada com a situação, Marah começou o projeto que contou, principalmente, com a ajuda voluntária da psicóloga Adriana Beatriz, da assistente social Samanta Machado, do motorista Weskley Minho e da cozinheira Ivonete das Neves.
Sem o voluntariado e abandono do estado, o desespero da fome e da total desassistência social no período da pandemia é um desastre anunciado. Sensibilizada, Marah Silva que mora em um apartamento com sua companheira e cozinha com um fogão elétrico iniciou a produção de 15 quentinhas. Depois de um apelo nas redes sociais passou a contar com a ajuda da cozinheira Ivonete das Neves, moradora do Beco Ocidental, em Santa Teresa.
Ivonete é cozinheira desempregada e há pouco tempo tentou ganhar dinheiro vendendo quentinhas, mas a falta de capital de giro a impediu de continuar com o negócio. Contudo, ficou a experiência de produção que ao somar na iniciativa de Marah, ajudou na multiplicação do número de quentinhas produzidas chegando à marca de 10 mil refeições.
Na cozinha Ivonete conta com a ajuda da filha e dos netos. A cozinheira já é conhecida no Beco Ocidental, por estar sempre envolvida em projetos de ajuda às pessoas.
Já nas ruas a equipe liderada por Marah também conta com familiares e amigos. Toda essa vitória é fruto de um trabalho coletivo de muitas pessoas, que colaboram com alimentos, dinheiro e mão de obra. “Até o motorista do Uber ajuda a carregar as bolsas de alimentos, subindo os mais de 90 degraus da casa de Ivonete”, disse Marah.
A iniciativa, além de entregar refeições aos moradores, propõe também a entrega de materiais de higiene. Porém, próximo a última semana de junho a iniciativa que é totalmente colaborativa, estava sem expectativa de conseguir comprar uma nova remessa de alimentos para o preparo das quentinhas. Estava praticamente decidido o fim da campanha por falta de doações.
O projeto, que tem como maior apoio a iniciativa voluntária e vontade popular, recebeu um incentivo da organização “Gastromotiva” e do projeto “Vidas Invisíveis”, o que deu uma sobrevida de mais duas semanas na produção das quentinhas. Mas Marah não desanima e fala: “Depois que acabar a quarentena desejo continuar com as doações”.
Para colaborar com a iniciativa basta entrar em contato direto com Marah Silva pelo telefone: (21) 967471072