“Eu me chamo Sávio, mas a maioria me conhece como SV”. Aos 23 anos, o rapper do bairro do Campinho, na Zona Norte do Rio, que ganhou o carinho de muitos seguidores e é sucesso nas redes sociais, aposta em repertório próprio e almeja mais espaços para rodas de rap na Baixada Fluminense. Morador de Guapimirim, atualmente tem 17,1 mil inscritos e quase 200 mil visualizações em uma das canções no seu canal no YouTube, e o single “Outro Plano” já é promessa de sucesso. A ANF conversou com este fenômeno das rodas de rap, que desde cedo se engaja numa causa em prol de jovens como ele, fazendo da música e de manifestações culturais populares instrumento para combater problemas atuais, como depressão, desmotivação e baixa autoestima. Segue abaixo a entrevista.
Quando a música começou a fazer parte da sua vida?
SV: Desde pequeno sempre sonhei em ser músico, sempre corri atrás disso. Quando pequeno ouvia muito Claudinho e Bochecha, samba… Mas eu não queria só ouvir, gostava de compor também. Na escola, por exemplo, eu e um amigo fizemos um funk numa competição de música na 3ª série. E ganhamos! Eu já curtia fazer um barulho desde pequeno.
Quais foram as primeiras inspirações e como você começou a compor?
SV: Quando eu tinha uns 12 anos de idade mais ou menos, meu pai comprou um computador para ele trabalhar. Na mesma hora instalei o “Battery”, um programa que muitos produtores já usaram pra samplear som antigo. Eu procurava no YouTube algumas músicas da Nina Simone, James Brown, Dr. Dre e outros, e cortava alguns samples para juntar com as batidas que eu criava. Óbvio que naquela época eu era um desastre (risos), mas fui melhorando com o tempo.
Quais são os temas recorrentes nas suas músicas?
SV: Eu falo mais das vivências que já tive, que tenho, coisas que almejo. Tento deixar a autoestima da pessoa para o alto, coloco bastante sentimento nas minhas músicas. Nas redes, sempre falo com meus fãs, e nas músicas tento passar para a rapaziada que me escuta uma visão de nunca desistir dos sonhos deles.
Como é o cenário do rap na região em que você mora, e como isso influencia os moradores?
SV: Sou nascido em Campinho, na Zona Norte, mas hoje moro em Guapimirim, perto de Teresópolis. Já fui DJ das batalhas de rap de Magé, mas, até onde sei, as rodas daqui se acabaram. Acho que poderia ter uma visibilidade melhor. Há muitas pessoas com vontade de fazer música. Vejo muito moleque me chamando na DM do Instagram, comentando que me usa como referência. Se eu pude ter mais de 100 mil visualizações, porque eles não podem ultrapassar isso?
Entre as batalhas de rap e o estúdio, quais foram as dificuldades para desenvolver o trabalho na música?
SV: Eu mesmo já perdi várias oportunidades de trabalhar com artistas mais influentes por causa da mobilidade, e por acharem que onde moro é “longe demais”. Vejo muitas pessoas entrando em depressão e se frustrando com a vida, achando que não vão conseguir nada. Até porque é muito difícil conseguir emprego, por exemplo, ou conseguir fazer uma faculdade. Acho que falta acessibilidade para as pessoas da Baixada em relação a diversas situações: cultura, lazer, saúde, educação, empregos etc. Tudo isso deve receber mais atenção.
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