Um encontro no Museu de Artes Sacra da Universidade Federal da Bahia, marcou o lançamento da campanha #Doa Salvador. Pela primeira vez, a cidade participa do Movimento Nacional Dia de Doar mobilizado pelo Coletivo Resistência Preta.
A proposta do Dia de doar é disseminar e promover a cultura de doação mundialmente. A data oficial deste ano será 29 de novembro, e o Brasil participará alinhado com 85 países signatário do movimento.
O evento, que aconteceu no último dia 22/09, foi mediado por Dhay Borges e Laís Santana, representantes do Coletivo Resistência Preta, e contou com a presença de Carol Farias (Dia de Doar), Neila Larangeiras (MDC Energia), Marcelo Teles (Centro Cultural Que Ladeira é Essa?), e demais Líderes das Organizações Sociedade Civil – OSCs.
A programação foi iniciada com a poesia “Solidariedade para o frio” de Bráulio Bessa, momento de reflexão para os participantes, os quais anseiam melhorias para sua comunidade. Dando continuidade, foi realizada uma grande roda de conversa, um importante meio para dialogar, tirar dúvidas e trocar experiências sobre a temática.
Carol Farias, representante do Dia de Doar, falou sobre as diretrizes da campanha comunitária, “são iniciativas que mobilizam recursos da comunidade para a própria comunidade, tendo o movimento como norteador principal”.
Ela acrescenta que as “campanhas comunitárias não são campanhas de captação para uma ONG específica, e sim um movimento local que beneficia organizações e causas locais”.
A respeito da Campanha #Doa Salvador, Dhay Borges, “com essa atividade que nós vamos fazer no Dia de Doar, vamos conseguir arregimentar mais ainda e aplicar um conceito básico de organização, autonomia dos projetos das pessoas das comunidades, tentando fazer incidência para que elas se tornem realidade”,
Foram mobilizadas aproximadamente 50 instituições comunitárias para aderirem ao movimento, dentre elas, existem aquelas que estão no campo da invisibilidade de uma série de políticas públicas.
A Voz do Axé, Agência de Notícias da Favela , Assoc. Beneficente Treze de Junho, Assoc. dos Barraqueiros da Preguiça, Assoc.de moradores de Marechal Deodoro, Canteiros Coletivos, Casa do Poeta, CCM, Centro Cultural Que Ladeira é Essa?, Grupo Beneficente e Recreativo 7 de Abril, Grupo Arte de Dança , ICBIE, Incomode, Informe Nordeste, Ilê Axé Araká, Ilê Axé Omim, Obalagbedé, IMMEL, Lar Três Corações, #Nas Quebradas, NACA, Ocupação Abdias,Ocupação Dandara, Obras Sociais Irmã Dulce, Solidários Pela Vida , Tempero do Quilombo e Vozes Que Invocam.
História Dia de Doar
Segundo dados do Relatório de Impacto – Dia de Doar 2021. Em 2022, o Dia de Doar será realizado em 29 de novembro. Como em todos os anos, será em uma terça-feira e o Brasil participará alinhado com mais de 85 países.
O movimento não recebe e nem destina doações para nenhuma instituição. Este posicionamento é basilar para impulsionar de forma igualitária, as campanhas das mais diversas pautas.
Trabalha também com o Calendário de Boas Ações, uma das principais ferramentas do Dia de Doar para promoção constante de generosidade e gentileza.
Criado 2012, com o nome de #GivingTuesday (terça-feira de doação), o Dia de Doar é realizado logo após a semana de Ação de Graças, vem na sequência de datas comerciais como a Black Friday e a Cyber Monday.
A iniciativa foi baseada no conceito do novo poder, de Jemery Heimans e Henry Timms, operando como uma corrente, aberta e participativa, com objetivo de canalizar boas ações e fortificar a cultura de doação no Brasil com início em 2014.
Desde de então a Associação Brasileira de Captadores de Recursos – ABCR, foi escolhida pela 92Y como representante da(terça-feira de doação). Realizou no mesmo ano a primeira edição brasileira integrada ao resto do mundo. Atua em parceria com o Instituto Mol na organização das campanhas e monitoramento das ações.
Em 2021, foram movimentados mais de 2 milhões de reais através dessa campanha, o que corresponde a uma média de 75 reais por doação. Dessa forma, as Organizações Sociedade Civil impulsionam seus indicadores de captação, o que também gera impacto positivo na vida dos beneficiários.
Desigualdade Social em Salvador
Salvador, a capital do estado da Bahia, considerada um dos mais belos cartões postais do Brasil, traz um legado valorosa contribuição dos portugueses, indígenas e sobretudo considerado o centro cultural afro-brasileiro, com mais de 75% dos habitantes são negros, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE).
É conhecida como a capital da alegria, da musicalidade, das festividades e pela simpatia e acolhimento do povo baiano. A estimativa de 2021, divulgada pelo IBGE, mostra a população atual da Bahia em 14.985.284 habitantes, ocupando o quarto lugar dos estados mais populosos do pais.
Ainda sobre a estimativa, Salvador lidera a primeira posição com 2.900.319 habitantes. Seguido por Feira de Santana com 624.107 moradores, Vitória da Conquista 343.643, Itabuna 214.123 e Juazeiro 219.544.
Contudo, a desigualdade social está presente e segundo o 9º Boletim Desigualdades Metrópoles, essa edição trabalhou com dados de divulgação anual das PNADs Contínuas – IBGE, cobrindo o período de 2012 até 2021.
Os registros mostram a Região Norte e Nordeste, com exceção de Fortaleza e Natal, o percentual de pessoas em situação de pobreza superou um terço da população e chegou a ultrapassar 40% nas regiões metropolitanas de Grande São Luís e de Manaus.
Vale ressaltar sobre a desigualdade de renda das Regiões Metropolitanas, Aracaju (0,605), João Pessoa (0,589), Natal (0,588), Salvador (0,582) e Belém (0,582),
Um outro ponto a evidenciar é sobre a pobreza extrema, registrou recorde histórico em 2021 e atingiu 5,3 milhões de pessoas no conjunto das Regiões Metropolitanas, o que representa 6,3% da população. Mais da metade destas, 3,1 milhões de pessoas entraram nesta situação nos últimos 7 anos, sendo 1,6 milhões delas apenas em 2021.
Os resultados apontam uma taxa mais alta, em ordem crescente, foram as regiões metropolitanas da Grande São Luís (10,1%), João Pessoa (10,7%), Manaus (11,1%), Salvador (12,2%) e Recife (13,0%).
Coletivo Resistência Preta
Dhay Borges, finalizou sua fala, “tem sido muito pedagógico nessa perspectiva quando lança a campanha do Dia de Doar, já convoca as instituições, já atingimos o público alvo, então essa convocatória é uma construção coletiva, pensando numa série de instrumentos que podem viabilizar e potencializar os projetos nas comunidades.
O que eu estou quero dizer, que dentro desse cenário, dessa rede, há projetos vinculados as mulheres negras, projetos quilombolas, projetos de cultura para juventude, centros culturais que tem como tratativa a pauta sobre direito à cidade. Ademais, alavancar os projetos de capoeira dentro da própria comunidade, os vinculados a tecnologia, os solidários pela vida que tão as creches comunitárias e o lar para idosos, ou seja, trazendo uma diversidade em projetos.
É um grande desafio também, mais consideramos como um grande instrumento de potencialização da generosidade, as pessoas não precisam ser só”.
O Dia de Doar é uma iniciativa acessível, dinâmica e eficaz, uma ideia simples e fácil de entender: a de que devemos nos engajar nas causas nas quais acreditamos e doar, doar, doar.
O evento foi finalizando com almoço de integração, fortalecendo e potencializando o engajamento entre as instituições, motivadas no mesmo propósito de generosidade.
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