Uma única bolsa de sangue é capaz de preservar as vidas de até 4 pessoas
Quando realizou uma cirurgia de síndrome do túnel do carpo (contra danos musculares nas mãos e nos dedos) em 2004, Reginalda Gomes, 59 anos, não imaginava que passaria por complicações que a fizesse receber doação de sangue.
Quinze dias após uma primeira cirurgia na mão esquerda que durou apenas duas horas e sem complexidade, teve algumas surpresas com a mão direita.
A segunda cirurgia durou cerca de cinco horas e ela acordou recebendo uma bolsa de sangue após perder muito sangue devido algumas dificuldades.
Mas talvez, ela não tivesse chance de contar essa história se não fosse a solidariedade de outras pessoas que dedicaram um tempo para um ato tão importante. No dia 25 desse mês é comemorado o Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, dia necessário para prestar mais atenção na capacidade de nossos bancos de sangue e em nossa responsabilidade social.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que 1% da população
seja doadora. O Brasil está dentro dessas indicações, com 1,6% dos brasileiros
sendo doadores, de acordo com o Ministério da Saúde. A maior parte sendo jovens de 18 a 29 anos. No entanto, o objetivo do governo é aumentar essa taxa para que os bancos de sangue nunca fiquem desabastecidos.
Pensando nisso, algumas medidas começaram a ser tomadas para incentivar a doação voluntária. Uma delas é a possibilidade garantida pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) da ausência do trabalho por um dia a cada 12 meses, sem qualquer desconto salarial, se o empregado comprovar que o motivo da falta foi a doação de sangue.
Outro incentivo é um projeto de lei que poderá oferecer isenção em
taxas de inscrição de concursos federais para doadores que comprovem a doação de sangue pelo menos uma vez a cada seis meses, nos últimos dois anos. Isso já é realidade em alguns processos de seleção, principalmente em nível estadual, como em São Paulo.
Mas por que ser um doador voluntário?
A grandiosidade da doação é inegável: uma única bolsa de sangue com
450 ml pode ser a solução para salvar até quatro vidas. Além disso, se tornar
doador de sangue é bem fácil e totalmente seguro. As dificuldades são os vários mitos em torno do assunto e que devem ser esclarecidos para que tratamentos médicos e procedimentos não sejam impedidos ou dificultados por falta de sangue.
Um desses mitos é que o doador tem a saúde prejudicada pela retirada de sangue. Na verdade, segundo o Ministério da Saúde, o volume coletado fica entre 10 e 15% da quantidade total de sangue do doador, o que é reposto pelo organismo em até 24 horas após a doação.
No caso de Reginalda Gomes, ela afirma que se desesperou ao perceber
que estava recebendo o sangue de terceiros por medo de contrair o vírus HIV.
“Eu acreditava que tomar sangue era a pior coisa que alguém poderia ter que
fazer. Tinha medo de pegar AIDS. Foi uma ignorância minha, mas hoje acho que deve ter sido o que me salvou”, diz.
É importante lembrar que todos os materiais são utilizados uma única vez e logo depois são descartados. E mesmo que o doador responda um questionário antes da coleta, o material é submetido a exames laboratoriais minuciosos. Aliás, o resultado fica disponível no Hemocentro e também pelo site para consulta do voluntário e, em caso de alterações, o doador é notificado.
Antes mesmo de saber de todos os benefícios de ser doador ou até dos mitos ao redor do tema, Débora Vieira, de 36 anos, começou a fazer a sua parte
e hoje é doadora de sangue regular. Voluntária desde 2013, ela tomou a primeira atitude depois de ver uma amiga doar e, desde então, pelo menos uma vez por ano comparece ao Hemorio.
“Eu nunca tinha pensado na importância da doação, nunca ligava quando via campanhas na televisão. Mas uma amiga já doava há muito tempo e me explicou que não demorava nada e podia ser uma segunda chance para alguém que está precisando”, declara.
O que é preciso para doar?
– Ter entre 16 e 69 anos (menores de idade devem ter a autorização dos responsáveis por escrito).
– Estar bem de saúde.
– Pesar pelo menos 50kg.
Quais os impedimentos?
Alguns impedimentos temporários:
– Gripe, resfriado ou febre nos últimos 7 dias.
– Gestação.
– Amamentação até 12 meses após o parto.
– Bebida alcoólica em até 12 horas antes da doação.
Impedimentos definitivos:
– Ter contraído malária.
– Ter contraído hepatite após 11 anos de idade.
– Ser usuário de drogas ilícitas injetáveis.
– Evidência de doenças transmissíveis pelo sangue como hepatites B e C, vírus HIV e doença de Chagas.
A lista completa com todas as condições para doação pode ser conferida no site do Ministério da Saúde http://portalms.saude.gov.br na aba Ações e Programas.
Onde doar?
Aqui no Rio de Janeiro, depois de se certificar que se enquadra no perfil necessário para ser doador, é só se encaminhar a um dos seguintes endereços:
Instituto Estadual de Hematologia Arthur Siqueira Cavalcanti – Hemorio
Rua Frei Caneca, 8 – Centro, Rio de Janeiro
De domingo a domingo, das 7h30 às 18h
Contato: 0800 282 0708
Serviço de Hemoterapia do Inca – Instituto Nacional de Câncer
Praça Cruz Vermelha, 23 – 2º andar – Centro, Rio de Janeiro
De segunda a sexta-feira, das 7h30 às 14h30, e aos sábados, das 8h às 12h
Contato: (21) 3207-1580 / (21) 3207-1021 ou (21) 3207-1058
Núcleo De Hemoterapia Zona Sul – Instituto Nacional De Cardiologia
Rua das Laranjeiras, 374, Laranjeiras, Rio de Janeiro
De segunda a sexta das 8h às 14h
Contato: (21) 3037-2215.
Hemocentro Regional De Niterói – Hospital Universitário Antônio Pedro
Rua Marquês do Paraná, 330, Centro, Niterói
De segunda a sexta-feira: 08h00 às 12h00
Contato: (21) 2629-9063 / (21) 2629-9063
É necessário portar documento de identificação oficial com foto (carteira de identidade, habilitação, carteira de trabalho ou passaporte) e não é preciso estar de jejum, a última refeição deve ter sido há no mínimo duas horas antes da coleta.
Todos estão sujeitos a precisar de uma transfusão sanguínea. Seja em
decorrência de um acidente ou por uma doença. Por isso tire suas dúvidas nos
locais de coleta, doe e ajude a salvar vidas!