O vereador carioca Jairo Sousa Santos Júnior, mais conhecido como Doutor Jairinho, é um criminoso comum perigoso e reincidente que foi preso agora pela morte do menino Henry Borel, de quatro anos e filho da sua atual companheira Monique Medeiros. O menino não foi a primeira vítima, pelo menos um caso veio à tona de relações passadas contada pela mulher, mais esperta ou menos manipulável que Monique. Não é difícil supor que ela só abriu a boca agora porque sabe o destino de quem desafia a milícia que se espalha como erva daninha pelo país dos Bolsonaro.
Dr Jairinho se elegeu pelo Solidariedade – uma ironia trágica – depois de haver passado por vários partidos e já foi acusado de receber de seis a oito mil reais mensais das empresas de ônibus para manter o serviço no estado lamentável que conhecemos. Sua base eleitoral é Bangu, um dos bairros mais distantes do centro da cidade e com problemas de transporte de passageiros há décadas.
O Coronel Jairo, seu pai e ex-deputado estadual no Rio de Janeiro, foi quem introduziu o filho na política e deve ter ensinado a receber propinas, porque no governo Sérgio Cabral estava entre os suspeitos de embolsar mesada de 50 mil reais no esquema de corrupção do governador. Não foi indiciado porque as provas contra ele foram consideradas inconsistentes, mas o nome está no rolo. Também é citado como miliciano de primeira hora em Bangu, onde mora. Mas esse é outro rolo.
O filhote, além de torturar crianças como a filha hoje adolescente de sua ex-mulher e Henry, é falso como nota de três reais, chegou a apresentar na Câmara projeto proibindo fumar perto de crianças – que não estivessem ao seu alcance, porque estas ele tortura e eventualmente mata. Além disso, apesar de adotar o “Dr” para se eleger, de médico tem só o diploma; última vez que treinou exercício cardíaco foi num boneco, ainda na faculdade.
Se nossa ágil polícia carioca tivesse mesmo interesse em esclarecer a morte do menino Henry talvez fosse reveladora uma incursão na família do próprio assassino cujos pais mantêm silêncio ensurdecedor no episódio, muito embora o Coronel Jairo e sua esposa certamente possam ajudar a entender por que o filho que criaram em lar estruturado sob o comando de militar da mais alta patente da Polícia Militar odeia crianças.
Diante do fato trágico que levou escândalo ao ambiente familiar, era de se esperar qualquer manifestação dos pais do vereador, tanto quanto da família de Monique, mas parece haver um pacto silencioso, apesar do casal preso ter dormido na casa do coronel um ou dois dias depois do assassinato. Atitudes do Dr. Jairinho para impedir a necropsia no IML e suas ingerências na direção do Barra D’Or, rechaçadas pelos médicos envolvidos, são muito suspeitas aos olhos de todos.
Da mesma forma, o comportamento de Monique desde o dia mesmo da tragédia causou estranheza porque ela trocou de roupa três vezes antes de ir à delegacia depor: “Essa não ficou legal”. “Essa é muito cheguei”. “Ah, vou toda de branco, pronto!” Que espécie de mãe é assim? Que tipo de gente a sociedade brasileira absorve com naturalidade? Quais os maus tratos e as violências toleradas na vida cotidiana dentro de casa e nas ruas? Dr. Jairinho e Monique serão pessoas normais dentro dos padrões de uma sociedade normal? O que você acha da foto do Coronel Jairo com o Flávio Bolsonaro, que circula nas redes? Já se perguntou em quantos casos podres, em quanta vilania está ou esteve presente um Bolsonaro? Por que não ligamos os pontos e encaramos a realidade?
O que penso ser triste também em todos esses episódios é a infelicidade do eleitor ao escolher seus representantes desde um vereador que nunca foi médico mas se diz doutor até o presidente da república incapaz que ostenta a patente de capitão sem nunca ter sido…e essa será a menos grave das falsidades de Jair Bolsonaro. Busco entender mesmo a cabeça de quem o botou no poder: como pode ser suscetível à manipulação mais rasteira e descarada, como aceita submeter-se à força da polícia e da milícia que espancam, torturam e matam em massa a serviço do projeto genocida que acaba de alcançar o patamar absurdo de mais mortes do que nascimentos hoje na Região Sudeste.