O entregador Jean Charles Barbosa de 38 anos, conhecido como “Bob da Bala”, tem mais de 20 anos de experiência como camelô nos ônibus e favelas cariocas. Mora em Nilópolis, na Baixada Fluminense e é lutador de boxe, mas não treina há um ano e meio por causa de lesões. Foi quando decidiu trocar o baleiro nos ônibus da zona Norte pela mochila dos aplicativos de entregas nas ruas do Centro e zona Sul do Rio.
ANF – Como é o dia-dia do entregador por aplicativo?
Bob – Posso falar de como é o meu dia-a-dia. O que eu gosto nessa modalidade de entrega é justamente a liberdade de horário, isso é o principal. Muita gente acha ruim, por que quanto mais você trabalha mais você ganha. E assim, a pessoa pode ficar trabalhando do dia inteiro. Eu vejo como uma solução libertária para a escassez de emprego que o governo não consegue resolver. Também é o primeiro emprego de muita gente e uma segunda renda de muitas famílias.
No contexto de hoje vai ajudar, pelo menos em parte, a manter a economia aquecida, colaborando para as pessoas se mantenham mais protegidas dentro de casa. Podemos dizer que nessa crise, vai acabar se tornando um dos serviços essenciais.
ANF – Como é o atendimento ao cliente, principalmente nesse momento de pandemia, confinamento e restrições?
Bob – Antes do coronavírus não havia preocupação de distanciamento. Lembro de uma entrega prum cliente mais “tranquilão”, que ao me ver de dread chamou de irmão, apertou a minha mão. Mas agora está tendo uma orientação por parte dos aplicativos, estão massificando isso em mensagens, como “cuide-se, se previna. Você vai ser importante para poder a vida das pessoas terem um menor baque, mas você precisa pensar em você em primeiro lugar”. A orientação agora é, de preferência, deixar a encomenda na porta ou na portaria e avisar por mensagem. Ou se a pessoa quiser que você suba, tem que deixar na porta e se afastar por uns dois metros, se a pessoa tiver de pagar, deixa o dinheiro por ali. O principal é o indivíduo se conscientizar.