Desde o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil, a preocupação com a alimentação foi uma das principais reações da população. Se no início da quarentena acontecia a corrida aos supermercados e o medo do possível desabastecimento, agora o temor vem pela qualidade dos produtos que irão chegar nas nossas mesas.
Os desmontes praticados por esse governo incluem a Companhia Nacional de Abastecimento, responsável pela segurança alimentar e redução da fome no país. Com os cortes para programas de agricultura familiar, se intensificam os problemas de destruição e fome no país, também afetam diretamente a vida de agricultores familiares, pescadores artesanais e povos tradicionais.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou os resultados das análises do plano plurianual 2017-2020 de análises de resíduos de agrotóxicos nos alimentos. Nos resultados, um quarto das amostras analisadas foram consideradas insatisfatórias, ou seja continham agrotóxicos que excederam níveis permitidos, não autorizados ou até mesmo proibidos para o uso no Brasil. Situação que tende a aumentar durante o governo Bolsonaro, que reduziu a fiscalização ambiental, enfraqueceu a atuação dos órgãos ambientais e acelerou a aprovação de novos agrotóxicos com substâncias não recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com Instituto de pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em um ano de governo Bolsonaro os pequenos e médios agricultores diminuíram a sua área de lavouras temporárias em quase 20%. Enquanto isso, os grandes latifundiários produtores de grãos e criadores de gados aumentaram suas terras em até 30% beneficiados por políticas de estímulos à exportação e ataques a proteção da agricultura familiar.
A agricultura familiar é toda de cultivo da terra, que é administrada por uma família e emprega membros da mesma família e comunidade. Produz alimentos variados, com respeito ao solo e ao ecossistema e se destina ao mercado interno do país. Já as produções
do agronegócio costumam produzir apenas um cultivo, normalmente grãos, e são majoritariamente destinadas para alimentação de animais da pecuária e exportação. A agricultura familiar ocupa apenas 14% de todo financiamento disponível para agricultura e se concentram em apenas 23% das terras agricultáveis no Brasil, todo o resto é destinado ao agronegócio. Além dessa gritante desigualdade que valoriza o lucro de poucos em
detrimento da alimentação de milhões de brasileiros, o atual governo aumentou ainda mais a dificuldade dos pequenos agricultores estarem no mercado e se sustentarem.
A alta do dólar beneficia os ruralistas uma vez que as vendas das exportações são feitas em dólar e há isenções de impostos para compra de máquinas e insumos. Os latifundiários também foram beneficiados no enfraquecimento dos projetos de incentivo à fomentação da agricultura familiar, como a compra de aquisição programada que garantia aos pequenos produtores previsibilidade e estabilidade. Outro golpe do Bolsonaro sobre os pequenos agricultores foi a liberação de agrotóxicos que intensificaram ainda mais a produção do agronegócio deixando o mercado ainda mais desfavorável ao pequeno produtor, as linhas
de crédito geridas pelos bancos na maioria internacionais têm exigências como: safra de garantia e escrituras de propriedades que são privilégios dos latifundiários. Somadas a todas essas dificuldades temos a política genocida do governo Bolsonaro, orquestrado pelo Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Aquino Talles, latifundiário e agropecuarista e também pelo ministro de Assuntos Espaciais Fundiários, Nahban Garcia, fazendeiro que tem inúmeras declarações contra povos indígenas e quilombolas, além de vários inquéritos abertos por mortes de ativistas e populações do campo.
Defender a agricultura familiar é defender as riquezas nacionais, defender a terra, a alimentação do povo e, principalmente, defender a vida saudável, respeitando o ecossistema e a população.